Quem é que gosta de corretores imobiliários? Poucos. Coitados deles, afinal existem exceções como em qualquer outra generalização. Mas os corretores têm uma fama ruim, bem ruim, e vamos combinar que muitos deles merecem. Sabemos que eles vivem do que vendem mas, outros tipos de vendedores também e não são tão chatos. Bom, alguns são. Mas enfim, os corretores fazem algumas pessoas quererem atravessar a rua para não encontrá-los, e eu e Ricardo fomos contra todo o preconceito ontem e nos enfiamos numa feira de imóveis cheia, lotada, de corretores. E ainda pagamos por isso. Pois é, o desepero faz cada coisa.
Nessa procura maluca de um lar, descobrimos que ia ter no Anhembi essa feira, a SISP - Salão Imobilário de SP. É cansativo, mas pelo menos está todo mundo lá, reunido num só lugar, e dá pra facilitar um pouco o trabalho desgastante que é ir de construtora em construtora, corretora em corretora, ciscando grãos em cada canto de SP.
Uma coisa me assustou. Já tive que organizar stand em feiras antes e sei que é um gasto alto para o expositor, não só com o espaço mas também com a produção do stand em si. Pois nessa feira os stands eram de altíssimo nível, dava pra ver que as empresas tinham feito um grande investimento. Bacana. Mas na hora de ser atendida, ah, que lástima. Corretores absolutamente despreparados, perdidos, sem material de apoio, sem saber o que tinha de imóvel disponível para venda. A gente lá, querendo comprar, e eles lá, sem saber o que oferecer. Tinha corretor que não sabia metragem dos apartamentos. Outro não sabia onde era o bairro. Um terceiro, coitado, não sabia mexer no computador - mas o stand era todo online, cada corretor tinha um espaço conectado à central de onde deveriam fazer as pesquisas, ao invés de ficar folheando aquela papelada. Fiquei pensando, qual é o problema que existe dentro das empresas que as faz ter esse enorme gap de comunicação interna: stands lindos e pessoal tão despreparado. Fiquei pensando também em quantas vendas eles não perderam por isso. E quanto dinheiro não estão desperdiçando com o não aproveitamento dos recursos investidos na feira.
Eu saí de lá com a impressão de ter chegado perto do que queria achar, mas por pouco, não achei nada. Com um feeling de que meu apartamento perfeito podia estar lá, escondido em algum folder na pasta de um corretor que não fez a lição de casa antes de ir pra feira.
Mas duas coisas fizeram valer o passeio, e vou contar sobre elas. A primeira foi um stand do Governo do Estado de São Paulo - Secretaria da Habitação - apresentando o novo projeto de habitação popular do CDHU. Uma casinha bonitinha - confesso que eu ficaria bem feliz com uma delas se não fosse o lugar onde são construídas - com 2 quartos, toda adaptada (consequentemente ampla) para deficientes fisicos, com detalhes como barras e interruptores em alturas mais adequadas e chã0 especial, entre outros. Legal saber que o governo está tirando projetos como esse do papel.
A outra foi o stand da Escosfera Empreendimentos Sustentáveis. O espaço em si não era tão bacana e coerente quanto o do Banco Real (que estava lá oferecendo crédito), todo de material reciclado. Mas foi um bom começo. Mostrava todos os itens de sustentabilidade que seus empreendiments têm como diferencial, coisas como energia solar para áreas comuns, sistemas de economia de energia, reutilização de água da chuva. Nenhuma super novidade. Mas pelo menos alguém começou a fazer. Dêem uma olhada no site deles, vale a pena. É bom saber que esse tipo de coisa está começando a acontecer por aqui, mesmo que seja de forma tímida. Ah, e o stand estava lotado :-)
http://www.ecolifeindependencia.com.br/home/
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Friday, September 26, 2008
Sunday, August 17, 2008
Como as ações promocionais deveriam ser
Me chamou a atenção, logo que começou a ser veiculado, um comercial do Sainsbury's com o Jamie Oliver intitulado "Feed you family for a fiver". A idéia era uma versão mais elaborada da já bem conhecida ação promocional em que a rede de varejo contrata um conhecido chef que, usando os ingredientes disponíveis nas lojas da rede, elabora receitas apetitosas.
A diferença - que fez toda a diferença - desta ação, é que todas as receitas foram elaboradas para servir 4-5 pessoas (a família, em média) e cujos preços dos ingredientes não ultrapassassem os 5 pounds. Por isso o nome, que traduzindo, seria algo como "alimente sua família por 5 paus".
Eu achei genial, porque a ação atende à razão de ser de qualquer ação promocional, que é 1) aumentar as vendas e 2) aumentar o fluxo de consumidores nas lojas, mas também oferece benefícios reais ao cliente, que são 1) variar os pratos servidos nas casas, usando novas e criativas receitas, o que faz bem pro astral da casa e também para a saúde e 2) fazer isso gastanto muito, muito pouco. Em outras palavras, economizando e desperdiçando menos comida, pois os ingredientes estão sempre disponíveis naquelas quantidades, sem ter que comprar pacotes muito maiores e deixar um monte de sobras na geladeira.
Todas as receitas elaboradas foram devidamente impressas em folhetos e colocados à disposição nas lojas. E, pra completar, um fichário feito sob medida está sendo vendido por 0,49p para ajudar a organizar os folhetinhos na cozinha. Eu, claro, já estou colecionando os meus.
E hoje, domingão, sem nem uma cebola disponível na geladeira, do que eu me lembrei? Da campanha do Sainsbury's. E lá vou eu escolher uma das receitas e comprar os ingredientes para um almoção bem gostoso por menos de 5 pounds.
A campanha funciona ou não funciona?
(Confira aqui: http://www.sainsburys.co.uk/family/tasty+ideas/feed_family_for_a_fiver/watch_jamie/feed_your_family_watch_jamie.htm)
A diferença - que fez toda a diferença - desta ação, é que todas as receitas foram elaboradas para servir 4-5 pessoas (a família, em média) e cujos preços dos ingredientes não ultrapassassem os 5 pounds. Por isso o nome, que traduzindo, seria algo como "alimente sua família por 5 paus".
Eu achei genial, porque a ação atende à razão de ser de qualquer ação promocional, que é 1) aumentar as vendas e 2) aumentar o fluxo de consumidores nas lojas, mas também oferece benefícios reais ao cliente, que são 1) variar os pratos servidos nas casas, usando novas e criativas receitas, o que faz bem pro astral da casa e também para a saúde e 2) fazer isso gastanto muito, muito pouco. Em outras palavras, economizando e desperdiçando menos comida, pois os ingredientes estão sempre disponíveis naquelas quantidades, sem ter que comprar pacotes muito maiores e deixar um monte de sobras na geladeira.
Todas as receitas elaboradas foram devidamente impressas em folhetos e colocados à disposição nas lojas. E, pra completar, um fichário feito sob medida está sendo vendido por 0,49p para ajudar a organizar os folhetinhos na cozinha. Eu, claro, já estou colecionando os meus.
E hoje, domingão, sem nem uma cebola disponível na geladeira, do que eu me lembrei? Da campanha do Sainsbury's. E lá vou eu escolher uma das receitas e comprar os ingredientes para um almoção bem gostoso por menos de 5 pounds.
A campanha funciona ou não funciona?
(Confira aqui: http://www.sainsburys.co.uk/family/tasty+ideas/feed_family_for_a_fiver/watch_jamie/feed_your_family_watch_jamie.htm)
Tuesday, August 12, 2008
Assunto bom e gente inocente, a gente não pode deixar morrer!
E a lei seca? Ninguém mais falou nada. Já foi cancelada? Tá todo mundo feliz, bebendo como queria, tomando seus porres merecidos, batendo o carro quando quiser?
Ou uma turminha rara de políticos firmes e corajosos está conseguindo fazer o povo se acalmar e escolher entre beber ou dirigir? (ainda não entendi o que é tão complexo nessa decisão.)
Na verdade voltei ao assunto porque o Antonio Prata colocou no site dele, pela segunda vez, um texto com suas observações sobre o assunto, e o texto é tão bom que eu aproveitei a deixa pra reproduzir aqui, como queria ter feito da primeira vez, as minhas partes preferidas.
Quem sabe assim quem ainda está em dúvida, aceita finalmente não beber ou pegar um táxi pra casa pelo nobre motivo de salvar algumas vidas.
"Estou realmente admirado que a minha turma do bar esteja se unindo em torno de duas causas tão nobres: bombons e cáries. Claro. Afinal, exigir o direito de dirigir bêbado ninguém tem coragem. Ou tem?"
"Então preferíamos, em vez de nos apegarmos ao texto da lei, nos focar em seu princípio – não sei se por nossa grande capacidade de abstração ou se simplesmente por preguiça –: “pode beber, mas não muito”. Ou seja, pegávamos o limite de dois chopes ou uma taça, adicionávamos o chorinho que acreditávamos caber a cada um de nós e lá se iam 30 mil vidas, a cada ano. Agora, não tem mais chorinho nem vela. Bebeu um chope, adeus carro. Que país é esse, minha gente?!"
"Uma associação de bares e restaurantes está ameaçando entrar com ação na justiça, para garantir o direito inalienável de seus clientes atropelarem pedestres e chocarem-se contra Kombis escolares na contra-mão. Maravilha. A Kopenhagen e a Johsons, quem sabe, também vão fazer a mesma coisa.Enquanto isso não acontece, no entanto, sugiro outra alteração na 11.705, para que ela não seja assim tão contrária à nossa natureza, à nossa cultura: cadeia diferenciada, dependendo da bebida que tiver sido ingerida pelo motorista."
"A que quantidade de álcool permitida, no entanto é um detalhe ínfimo, diante da boa notícia de que, finalmente, beber e dirigir vai se tornar um crime de verdade e que milhares de vidas serão poupadas. (Milhares, aqui, não é força de expressão. São mais de trinta mil mortos por ano, no trânsito. Boa parte dos acidentes, causados por motoristas bêbados).Acho estranho tanto fervor na defesa de um chopinho e uma tacinha. E na vidinha, não vai nada?"
Ou uma turminha rara de políticos firmes e corajosos está conseguindo fazer o povo se acalmar e escolher entre beber ou dirigir? (ainda não entendi o que é tão complexo nessa decisão.)
Na verdade voltei ao assunto porque o Antonio Prata colocou no site dele, pela segunda vez, um texto com suas observações sobre o assunto, e o texto é tão bom que eu aproveitei a deixa pra reproduzir aqui, como queria ter feito da primeira vez, as minhas partes preferidas.
Quem sabe assim quem ainda está em dúvida, aceita finalmente não beber ou pegar um táxi pra casa pelo nobre motivo de salvar algumas vidas.
"Estou realmente admirado que a minha turma do bar esteja se unindo em torno de duas causas tão nobres: bombons e cáries. Claro. Afinal, exigir o direito de dirigir bêbado ninguém tem coragem. Ou tem?"
"Então preferíamos, em vez de nos apegarmos ao texto da lei, nos focar em seu princípio – não sei se por nossa grande capacidade de abstração ou se simplesmente por preguiça –: “pode beber, mas não muito”. Ou seja, pegávamos o limite de dois chopes ou uma taça, adicionávamos o chorinho que acreditávamos caber a cada um de nós e lá se iam 30 mil vidas, a cada ano. Agora, não tem mais chorinho nem vela. Bebeu um chope, adeus carro. Que país é esse, minha gente?!"
"Uma associação de bares e restaurantes está ameaçando entrar com ação na justiça, para garantir o direito inalienável de seus clientes atropelarem pedestres e chocarem-se contra Kombis escolares na contra-mão. Maravilha. A Kopenhagen e a Johsons, quem sabe, também vão fazer a mesma coisa.Enquanto isso não acontece, no entanto, sugiro outra alteração na 11.705, para que ela não seja assim tão contrária à nossa natureza, à nossa cultura: cadeia diferenciada, dependendo da bebida que tiver sido ingerida pelo motorista."
"A que quantidade de álcool permitida, no entanto é um detalhe ínfimo, diante da boa notícia de que, finalmente, beber e dirigir vai se tornar um crime de verdade e que milhares de vidas serão poupadas. (Milhares, aqui, não é força de expressão. São mais de trinta mil mortos por ano, no trânsito. Boa parte dos acidentes, causados por motoristas bêbados).Acho estranho tanto fervor na defesa de um chopinho e uma tacinha. E na vidinha, não vai nada?"
Wednesday, August 06, 2008
O que levo de Londres comigo
Oh vida, oh céus. Como não estou achando suficiente estar nervosa com a gravidez, a mudança (de casa, de país, de vida, de tudo), a ansiedade por uma segurança financeira, a mudança (esqueci de citar as malas), a carência, as saudades, etc etc etc, resolvi também escolher este momento pra refletir sobre o que quero fazer da minha vida. Afinal de contas, já que é pra surtar, que seja de verdade. Certo?
Pois então.
Foi só quando cheguei em Londres, um ano e meio atrás, que levei o choque do Marketing verde e comecei a entender as suas dimensões. Aliás, eu nem gosto de chamar de Marketing verde porque pra mim, vai muito além disso. A parte ambiental desse movimento todo é só uma pequena partezinha de uma coisa muito maior, que não tem nome, mas que eu chamaria de "Marketing do bem". Nem sempre as campanhas que me transmitem essa mensagem estão focadas na preservação do meio ambiente - muitas vezes são apelos sociais diversos ou apenas novas formas, mais gentis e respeitosas, de se falar com o consumidor. Faz tempo que eu tenho percebido esse novo "tom", muito sutil, nas campanhas por aqui: um tom de respeito, um tom de quem fala com alguém de igual pra igual. Exemplo disso era uma campanha da Virgin Media que chamou a minha atenção e a de meus colegas de curso, que explicava timtim por timtim como funcionava a conexão de fibra óptica e porque ela era melhor. O anúncio só tinha texto, era relativamente técnico, e ficou marcado na minha memória como um dos melhores que já vi.
É claro que nenhuma dessas campanhas está livre de interesses, afinal ninguém gasta dinheiro apenas para ser gentil (pelo menos não as instituições lucrativas). Mas sim, continuo vendo isso como uma onda "do bem" pois, interesses à parte, todo mundo sai ganhando. Não há problema em haver interesses se ambos os lados estão sendo beneficiados, e se a campanha é honesta. Essa onda me despertou um otimismo em relação à publicidade e marketing que eu nunca havia sentido, uma nova forma de enxergar esse mercado do qual por acaso eu participo, mas desta vez uma forma empolgante, honesta, verdadeira, uma razão de ser maior para se dedicar de corpo e alma a um trabalho e não apenas pra ganhar dinheiro e ir dormir com dor na consciência por estar dando mais dinheiro pra quem já tem e não fazendo nada de bom pra ninguém. É, eu sofri bastante desse mal de consciência no meu passado profissional.
Além disso, acredito que mesmo havendo interesses financeiros por trás de campanhas "boazinhas", muitas vezes os lucros não estão diretamente envolvidos. Mas isso não anula, de forma alguma, o retorno positivo e futuro em termos de imagem e aprovação do consumidor. Afinal, isso é inteligência. É ir muito além do próprio umbigo, é aprender de uma vez por todas que o interesse coletivo faz o ambiente como um todo muito melhor e volta para o indíviduo, mas de forma muito mais gratificante - e permanente. Como explicar a campanha do Transport for London (a empresa responsável pela administração do transporte público em Londres), que espalhou cartazes dentro dos ônibus, nos pontos e nos metrôs incentivando as pessoas a usar mais a bicicleta, a caminhar, a descer 1 ou 2 pontos (ou estações) antes e terminar o trajeto a pé? Porque eles fariam isso? Suícidio? Não. Empatia com o público. A gente vê os cartazes e pensa "que caras legais". Mas tem outra coisa: as pessoas já perceberam que não existe crescimento de receita eterna, poço sem fundo. Existe um ponto de equilíbrio, um tamanho certo para cada empresa, na qual elas chegam e a partir de então, mudam o foco para manter-se do mesmo tamanho porém cada vez mais excelentes em seus serviços ou produtos, mais sustentável, mais em sintonia com o mercado e tendências e comportamento do consumidor. Mas por que parar de crescer? Porque o mundo não suporta mais todo mundo querendo ser mais rico, melhor, maior. As coisas só vão chegar perto do ideal quando ficar cada um no seu lugar e respeitando os limites, crescemndo em qualidade e não mais em tamanho.
Depois de me recuperar dessa surpresa toda, de ter encontrado uma filosofia "do bem" tão desenvolvida por aqui, de ter encontrado, enfim, uma forma de trabalhar na área que escolhi respeitando meus princípios, achei que finalmente poderia ser feliz no meu trabalho. Mas e aí? Cadê as empresas que pensam assim? Como é que eu encontro os meus iguais? Continuo esbarrando o tempo todo com gente que acha que produto reciclável, orgânico ou biodegradável é "frescura". Continuo esbarrando com gente que se refere ao próprio público consumidor com desprezo e ar de superioridade. Continuo vendo, aos montes, gente que só quer saber de receber seu salário e ir pra casa no final do dia, como se o que faz nas 8 horas de trabalho fosse algo completamente sem importância. Procurei cursos especializados em MKT verde, procurei cursos especializados em MKT social, procurei cursos especializados em MKT do bem. Mas não tem.
Eu tive um diretor uma vez que dizia que deveríamos colocar, nas lojas do nosso cliente (que oferecia "serviços financeiros" - empréstimos - pra classe C e D), um consultor ajudando as pessoas e verificando se elas precisavam mesmo de empréstimos ou se não era só uma questão de reorganizar o orçamento. Ninguém deu importância pra essa idéia que, na minha opinião, se tivesse sido colocada em prática quando foi lançada teria transformado a empresa em revolucionária e líder absoluta, sem contar o grau de fidelidade que agora teriam seus consumidores.
Eu quero vender carro dizendo pras pessoas caminharem mais. Eu quero vender TV falando que nada susbstitui o pôr do sol ao vivo. Eu quero ser gentil com meus consumidores, que eles tenham razões verdadeiras para confiar em mim. Mas, como em todo o começo de revolução, estou perdida à procura dos meus companheiros, sem saber por onde começar.
Pois então.
Foi só quando cheguei em Londres, um ano e meio atrás, que levei o choque do Marketing verde e comecei a entender as suas dimensões. Aliás, eu nem gosto de chamar de Marketing verde porque pra mim, vai muito além disso. A parte ambiental desse movimento todo é só uma pequena partezinha de uma coisa muito maior, que não tem nome, mas que eu chamaria de "Marketing do bem". Nem sempre as campanhas que me transmitem essa mensagem estão focadas na preservação do meio ambiente - muitas vezes são apelos sociais diversos ou apenas novas formas, mais gentis e respeitosas, de se falar com o consumidor. Faz tempo que eu tenho percebido esse novo "tom", muito sutil, nas campanhas por aqui: um tom de respeito, um tom de quem fala com alguém de igual pra igual. Exemplo disso era uma campanha da Virgin Media que chamou a minha atenção e a de meus colegas de curso, que explicava timtim por timtim como funcionava a conexão de fibra óptica e porque ela era melhor. O anúncio só tinha texto, era relativamente técnico, e ficou marcado na minha memória como um dos melhores que já vi.
É claro que nenhuma dessas campanhas está livre de interesses, afinal ninguém gasta dinheiro apenas para ser gentil (pelo menos não as instituições lucrativas). Mas sim, continuo vendo isso como uma onda "do bem" pois, interesses à parte, todo mundo sai ganhando. Não há problema em haver interesses se ambos os lados estão sendo beneficiados, e se a campanha é honesta. Essa onda me despertou um otimismo em relação à publicidade e marketing que eu nunca havia sentido, uma nova forma de enxergar esse mercado do qual por acaso eu participo, mas desta vez uma forma empolgante, honesta, verdadeira, uma razão de ser maior para se dedicar de corpo e alma a um trabalho e não apenas pra ganhar dinheiro e ir dormir com dor na consciência por estar dando mais dinheiro pra quem já tem e não fazendo nada de bom pra ninguém. É, eu sofri bastante desse mal de consciência no meu passado profissional.
Além disso, acredito que mesmo havendo interesses financeiros por trás de campanhas "boazinhas", muitas vezes os lucros não estão diretamente envolvidos. Mas isso não anula, de forma alguma, o retorno positivo e futuro em termos de imagem e aprovação do consumidor. Afinal, isso é inteligência. É ir muito além do próprio umbigo, é aprender de uma vez por todas que o interesse coletivo faz o ambiente como um todo muito melhor e volta para o indíviduo, mas de forma muito mais gratificante - e permanente. Como explicar a campanha do Transport for London (a empresa responsável pela administração do transporte público em Londres), que espalhou cartazes dentro dos ônibus, nos pontos e nos metrôs incentivando as pessoas a usar mais a bicicleta, a caminhar, a descer 1 ou 2 pontos (ou estações) antes e terminar o trajeto a pé? Porque eles fariam isso? Suícidio? Não. Empatia com o público. A gente vê os cartazes e pensa "que caras legais". Mas tem outra coisa: as pessoas já perceberam que não existe crescimento de receita eterna, poço sem fundo. Existe um ponto de equilíbrio, um tamanho certo para cada empresa, na qual elas chegam e a partir de então, mudam o foco para manter-se do mesmo tamanho porém cada vez mais excelentes em seus serviços ou produtos, mais sustentável, mais em sintonia com o mercado e tendências e comportamento do consumidor. Mas por que parar de crescer? Porque o mundo não suporta mais todo mundo querendo ser mais rico, melhor, maior. As coisas só vão chegar perto do ideal quando ficar cada um no seu lugar e respeitando os limites, crescemndo em qualidade e não mais em tamanho.
Depois de me recuperar dessa surpresa toda, de ter encontrado uma filosofia "do bem" tão desenvolvida por aqui, de ter encontrado, enfim, uma forma de trabalhar na área que escolhi respeitando meus princípios, achei que finalmente poderia ser feliz no meu trabalho. Mas e aí? Cadê as empresas que pensam assim? Como é que eu encontro os meus iguais? Continuo esbarrando o tempo todo com gente que acha que produto reciclável, orgânico ou biodegradável é "frescura". Continuo esbarrando com gente que se refere ao próprio público consumidor com desprezo e ar de superioridade. Continuo vendo, aos montes, gente que só quer saber de receber seu salário e ir pra casa no final do dia, como se o que faz nas 8 horas de trabalho fosse algo completamente sem importância. Procurei cursos especializados em MKT verde, procurei cursos especializados em MKT social, procurei cursos especializados em MKT do bem. Mas não tem.
Eu tive um diretor uma vez que dizia que deveríamos colocar, nas lojas do nosso cliente (que oferecia "serviços financeiros" - empréstimos - pra classe C e D), um consultor ajudando as pessoas e verificando se elas precisavam mesmo de empréstimos ou se não era só uma questão de reorganizar o orçamento. Ninguém deu importância pra essa idéia que, na minha opinião, se tivesse sido colocada em prática quando foi lançada teria transformado a empresa em revolucionária e líder absoluta, sem contar o grau de fidelidade que agora teriam seus consumidores.
Eu quero vender carro dizendo pras pessoas caminharem mais. Eu quero vender TV falando que nada susbstitui o pôr do sol ao vivo. Eu quero ser gentil com meus consumidores, que eles tenham razões verdadeiras para confiar em mim. Mas, como em todo o começo de revolução, estou perdida à procura dos meus companheiros, sem saber por onde começar.
Monday, July 07, 2008
Sobre os ovos das galinhas soltas (ou os famosos free range eggs)

A primeira vez que eu ouvi falar disso, confesso que achei uma grande frescura. De fato, não deixa de ser uma preocupação-de-país-que-não-tem-nada-mais-grave-com-que-se-preocupar. Esse assunto inclusive já foi tema de post aqui (vide "A lavagem cerebral inglesa").
Mas como já dito, meia hora depois de programa, eu já estava convencidíssima de que sim, o mundo deveria parar de fabricar ovos de forma cruel, com galinhas amontoadas em gaiolas superlotadas sem poder ter direito ao mínimo de dignidade e alegria em suas vidinhas.
Eu não tenho o mesmo poder de persuasão e argumentação que os produtores desses programas certamente têm de sobra, mas eu garanto pra vocês que uma produção de ovos com galinhas livres, leves, soltas e felizes contribui sim para um mundo melhor. Não sei direito como, mas essa coisa de termos granjas menos industriais, gramados, tudo isso influencia de forma inconsciente a mentalidade das pessoas. As gerações futuras têm que saber o que é pisar descalço na grama, colher ovos de galinha, correr atrás de galo.
E uma das provas de que eu tenho razão e de que deve haver alguma explicação mais racional do que a minha para isso é essa: a Hellmann's acabou de anunciar que toda a sua produção de maionese no Reino Unido utiliza ovos free range, ou seja, de galinhas livres para (quase) voar.
Imaginem quantas galinhas essa atitude está salvando da crueldade. Viva as galinhas soltas!
Agora só falta a gente achar um jeito de os humanos viverem de forma free range também.
Monday, June 09, 2008
Do individual para o coletivo
Em 27 de março eu coloquei aqui no blog um link para uma crítica que eu escrevi sobre um texto do Marinho, colunista do Bluebus. O texto falava de uma forma bem elitista de uma promoção da Lacta de ovos de páscoa. Mas não importa. O mesmo Marinho publicou hoje um texto super interessante sobre tendências - e que tendências - descobertas por uma pesquisa da Mastercard. Segue mais ou menos a mesma linha do que eu fico falando aqui no blog, essa tendência "do bem", maior do que de cores, de marcas, de produtos, mas sim de um comportamento em geral das pessoas que vai em breve direcionar as campanhas de marketing, as criações de novos produtos, a organização das cidades e estrutura do planeta. O Marinho colocou isso como uma tendência de se passar a pensar e a agir coletivamente, e não mais individualmente. Talvez essa seja mesmo a raiz da coisa, a essência que eu estava procurando, pois dela surgem outras infinitas vertentes de atitudes positivas.
Aqui, o texto original, e abaixo, pros preguiçosos ;-)
"Marinho | Sociedade individualista começa a pensar no coletivo
11:19
A campanha 'Priceless', criada há 11 anos pela McCann de Nova Iorque, já faz parte da história da propaganda, em minha opiniao - leia aqui coluna anterior sobre o tema (23/4). O que nem todo mundo sabe é que para chegar às coisas que o dinheiro nao compra (para todas as outras existe MasterCard, lembra?) foi feita uma pesquisa interessantíssima, com o objetivo de descobrir o que realmente importa na vida das pessoas - os tais momentos que nao tem preço. Na 6a feira conversei com Cristina Paslar, diretora de marketing da MasterCard, que me contou os resultados da última onda dessa pesquisa, chamada 'What Matters' (O que importa). De acordo com a Cristina, o estudo apontou 3 tendências principais - a busca pelo aprendizado contínuo, a redefiniçao da idéia de futuro e a mudança do eixo do 'Eu' para o 'Nós'.
-A pesquisa mostrou que, como consequência das exigências do mundo atual, as pessoas incorporaram de vez a idéia de que o aprendizado tem data para começar (e começa cada vez mais cedo, muitas vezes a partir de 1 ano de idade) mas nao para acabar. A classe média e os brasileiros de baixa renda almejam alcançar a universidade ou proporcionar isso aos seus filhos, enquanto a elite coleciona MBAs e cursos de extensao, na tentativa de facilitar a trajetória profissional. Isso inclui também fontes de conhecimento informais, tais como viagens, exposiçoes e leituras. Uma vertente desse movimento compreende ainda a busca pelo autoconhecimento e o equilíbrio pessoal.
-Mas se o presente é marcado pela ferrenha competiçao por um lugar ao sol e pela compensaçao consumista proporcionada pelas marcas e produtos supérfluos, o passado continua sendo idealizado, numa oposiçao que explica o sucesso dos movimentos nostálgicos - pense na volta das bandas jurássicas, dos heróis das nossas velhas histórias em quadrinhos e de personagens como Rocky e Indiana Jones e você compreenderá melhor a abrangência da onda retrô. A novidade fica por conta da idéia de futuro que anda frequentando as cabeças dos passageiros dessa nave desgovernada chamada Terra. O consumo, que hoje define essa nossa sociedade do excesso, começa a ser questionado e conceitos como equilíbrio, sustentabilidade e responsabilidade social já encontram espaço em coraçoes e mentes brasileiras.
-De todas as tendências, porém, a que mais me interessou foi a migraçao do pensamento individual para o coletivo. Especialmente porque o que se vê por aí é justamente o contrário - fartas manifestaçoes de narcisismo, materialismo e individualismo, principalmente entre os jovens. A pesquisa detectou, entretanto, o início de esgotamento desse estilo de vida feérico e estressante que caracteriza a sociedade moderna. As pessoas estariam progressivamente percebendo que o sacrifício de permanecer conectados, atualizados e multi atarefados 24 horas por dia, 7 dias por semana, nao está trazendo os retornos esperados e se perguntam aonde isso tudo as estaria levando. Afinal, sem tempo para cuidar de si mesmo, esse pessoal sente que seus sonhos e ideais estariam em suspenso. Daí viria a disposiçao de olhar com mais atençao para a família, os amigos, o prédio, o bairro, o país e o planeta.
-Saí do encontro com a Cristina Paslar pensando - ver a sociedade finalmente descobrir que a felicidade pessoal nao pode ser completa se as pessoas em volta nao estiverem também felizes, isso sim nao tem preço.
Luiz Alberto Marinho"
Aqui, o texto original, e abaixo, pros preguiçosos ;-)
"Marinho | Sociedade individualista começa a pensar no coletivo
11:19
A campanha 'Priceless', criada há 11 anos pela McCann de Nova Iorque, já faz parte da história da propaganda, em minha opiniao - leia aqui coluna anterior sobre o tema (23/4). O que nem todo mundo sabe é que para chegar às coisas que o dinheiro nao compra (para todas as outras existe MasterCard, lembra?) foi feita uma pesquisa interessantíssima, com o objetivo de descobrir o que realmente importa na vida das pessoas - os tais momentos que nao tem preço. Na 6a feira conversei com Cristina Paslar, diretora de marketing da MasterCard, que me contou os resultados da última onda dessa pesquisa, chamada 'What Matters' (O que importa). De acordo com a Cristina, o estudo apontou 3 tendências principais - a busca pelo aprendizado contínuo, a redefiniçao da idéia de futuro e a mudança do eixo do 'Eu' para o 'Nós'.
-A pesquisa mostrou que, como consequência das exigências do mundo atual, as pessoas incorporaram de vez a idéia de que o aprendizado tem data para começar (e começa cada vez mais cedo, muitas vezes a partir de 1 ano de idade) mas nao para acabar. A classe média e os brasileiros de baixa renda almejam alcançar a universidade ou proporcionar isso aos seus filhos, enquanto a elite coleciona MBAs e cursos de extensao, na tentativa de facilitar a trajetória profissional. Isso inclui também fontes de conhecimento informais, tais como viagens, exposiçoes e leituras. Uma vertente desse movimento compreende ainda a busca pelo autoconhecimento e o equilíbrio pessoal.
-Mas se o presente é marcado pela ferrenha competiçao por um lugar ao sol e pela compensaçao consumista proporcionada pelas marcas e produtos supérfluos, o passado continua sendo idealizado, numa oposiçao que explica o sucesso dos movimentos nostálgicos - pense na volta das bandas jurássicas, dos heróis das nossas velhas histórias em quadrinhos e de personagens como Rocky e Indiana Jones e você compreenderá melhor a abrangência da onda retrô. A novidade fica por conta da idéia de futuro que anda frequentando as cabeças dos passageiros dessa nave desgovernada chamada Terra. O consumo, que hoje define essa nossa sociedade do excesso, começa a ser questionado e conceitos como equilíbrio, sustentabilidade e responsabilidade social já encontram espaço em coraçoes e mentes brasileiras.
-De todas as tendências, porém, a que mais me interessou foi a migraçao do pensamento individual para o coletivo. Especialmente porque o que se vê por aí é justamente o contrário - fartas manifestaçoes de narcisismo, materialismo e individualismo, principalmente entre os jovens. A pesquisa detectou, entretanto, o início de esgotamento desse estilo de vida feérico e estressante que caracteriza a sociedade moderna. As pessoas estariam progressivamente percebendo que o sacrifício de permanecer conectados, atualizados e multi atarefados 24 horas por dia, 7 dias por semana, nao está trazendo os retornos esperados e se perguntam aonde isso tudo as estaria levando. Afinal, sem tempo para cuidar de si mesmo, esse pessoal sente que seus sonhos e ideais estariam em suspenso. Daí viria a disposiçao de olhar com mais atençao para a família, os amigos, o prédio, o bairro, o país e o planeta.
-Saí do encontro com a Cristina Paslar pensando - ver a sociedade finalmente descobrir que a felicidade pessoal nao pode ser completa se as pessoas em volta nao estiverem também felizes, isso sim nao tem preço.
Luiz Alberto Marinho"
Wednesday, June 04, 2008
Boa notícia
Todo dia eu recebo no meu email da Embaixada um clipping com as notícias que saem na mídia Britânica sobre o Brasil. Normalmente esse é o meu momento diário de tristeza e desânimo: a grande maioria das notícias é sobre violência, fulano que morreu baleado, ciclano que morreu assaltado, beltrano que morreu sequestrado. Ultimamente um outro assunto apareceu nas manchetes, e me incomodou ainda mais, por ser inédito e absurdo. A tal da lei que volta às práticas de desmatamento da Amazônia de décadas atrás, em pleno aquecimento global, no exato momento em que o mundo todo está voltado ao Brasil e à Amazônia. Ao invés de agarrar essa oportunidade para mostrar ao mundo que o país é capaz de cuidar do que é seu, fazem exatamente o contrário. Vergonha.
Mas hoje tinha uma notícia boa. Que me deu o maior orgulho mesmo não tenho ligação direta nenhuma com o fato. O Banco Real acaba de ser premiado pelo Financial Times como o banco mais sustentável do mundo em 2008. Além de ser o maior orgulho por si só, o prêmio também veio em boa hora, pra mostrar que o Brasil não é só um país irresponsável, cheio de gente burra e despreparada, e que tem sim gente bem-intencionada e competente fazendo alguma coisa.
Fui lá dar uma espiada no site do Real. Eu não sei direito o que eu estava esperando, mas com certeza era algo menos tangível do que encontrei. Não é que eles oferecem até oficinas sobre sustentabilidade, gratuitas, abertas ao público em geral? As oficinas começaram como treinamentos para funcionários e acabaram se tornando um serviço para a população. Tá aí uma ótima proposta pra quem queria começar a fazer alguma coisa sobre o assunto e não sabia por onde. Além das oficinas, o site oferece um monte de dicas, informações úteis, agenda com outros cursos de interesse geral e gratuitos em São Paulo além de oferecer outras palestras. Gostei.
Entrem lá: Banco Real
E parabéns! (Se algum funcionário do Real aparecer aqui no blog, e souber de alguma vaga aberta, lembre-se de mim ;-))
Mas hoje tinha uma notícia boa. Que me deu o maior orgulho mesmo não tenho ligação direta nenhuma com o fato. O Banco Real acaba de ser premiado pelo Financial Times como o banco mais sustentável do mundo em 2008. Além de ser o maior orgulho por si só, o prêmio também veio em boa hora, pra mostrar que o Brasil não é só um país irresponsável, cheio de gente burra e despreparada, e que tem sim gente bem-intencionada e competente fazendo alguma coisa.
Fui lá dar uma espiada no site do Real. Eu não sei direito o que eu estava esperando, mas com certeza era algo menos tangível do que encontrei. Não é que eles oferecem até oficinas sobre sustentabilidade, gratuitas, abertas ao público em geral? As oficinas começaram como treinamentos para funcionários e acabaram se tornando um serviço para a população. Tá aí uma ótima proposta pra quem queria começar a fazer alguma coisa sobre o assunto e não sabia por onde. Além das oficinas, o site oferece um monte de dicas, informações úteis, agenda com outros cursos de interesse geral e gratuitos em São Paulo além de oferecer outras palestras. Gostei.
Entrem lá: Banco Real
E parabéns! (Se algum funcionário do Real aparecer aqui no blog, e souber de alguma vaga aberta, lembre-se de mim ;-))
Wednesday, May 28, 2008
O movimento mundial pela gentileza
Sem desculpas. Sem explicações. Quanto mais a gente fala, mais a gente acentua o próprio defeito, certo? O meu é ficar dizendo que vou escrever. Quanto mais eu digo isso, menos eu escrevo. Mas eu tinha que ao menos tocar nesse assunto - o do sumiço -pelo menos mais esta vez, porque eu preciso, mais uma vez, citar a (segunda) bronca que a Paula me deu. É uma delícia levar bronca assim, de quem sente falta de você. Mas além de consideração pela minha leitora mais militante, estou dizendo tudo isso para introduzir o assunto principal deste post. Que não é o meu sumiço, mas sim um movimento interessantíssimo sobre o qual eu já tinha ouvido falar há um tempão - e ontem a Paula me fez lembrar dele, não com a bronca, mas com um gesto. O movimento mundial pela gentileza.
Sim, esse movimento existe. Eu li sobre ele há algum tempo na revista Vida Simples, e desde então de vez em quando me vejo em alguma situação que me faz lembrar dele, tão simples que quase confunde com um movimento bobo de quem não tem o que fazer. Ele é isso mesmo, e nada mais do que isso: um movimento de pessoas que acreditam que a gentileza é capaz de tranformar o mundo, e ele se resume em pessoas repassando essa mensagem, assim como eu estou repassando, aqui. E agindo de acordo, claro. É assim: você começa a prestar mais atenção nas suas atitudes, começa a ser gentil com as pessoas, de graça, mesmo. E pronto, já está fazendo parte do movimento. É mágico como as pessoas começam a responder com a mesma gentileza, e ficam tocadas. E assim começa um movimento altamente transmissível e absurdamente eficaz. Pra não ficar tão abstrato, tem até uma página dedicada a ele no site da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, aqui.
Mas o que a Paula tem a ver com isso? A Paula pode nem conhecer o movimento, mas sem saber já faz parte dele. Ontem chegou em casa um envelope endereçado aos "Loews na Europa". Dentro, bilhetinhos e um mini-envelopinho para cada um dos Loews que estarão por aqui e visitarão a gente no próximo mês, além da gente mesmo, é claro. A Paula estava lááá no Japão, e não só se lembrou de comprar lembrancinhas fofas pra cada um de nós, os primos-do-marido-dela, como se deu ao trabalho de fazer cartinhas fofas e mandar pra cá. Não se trata de gastar dinheiro comprando presentes pros outros. É o gesto de se lembrar, é o gesto de mandar, é o gesto de fazer tudo de um jeito mais fofo. Afinal, tudo na vida a gente pode fazer daquele jeito, que todo mundo faz, ou de um outro jeito, especial, com um toque de gentileza que não custa nada, mas tem o poder de transformar o mundo.
Sim, esse movimento existe. Eu li sobre ele há algum tempo na revista Vida Simples, e desde então de vez em quando me vejo em alguma situação que me faz lembrar dele, tão simples que quase confunde com um movimento bobo de quem não tem o que fazer. Ele é isso mesmo, e nada mais do que isso: um movimento de pessoas que acreditam que a gentileza é capaz de tranformar o mundo, e ele se resume em pessoas repassando essa mensagem, assim como eu estou repassando, aqui. E agindo de acordo, claro. É assim: você começa a prestar mais atenção nas suas atitudes, começa a ser gentil com as pessoas, de graça, mesmo. E pronto, já está fazendo parte do movimento. É mágico como as pessoas começam a responder com a mesma gentileza, e ficam tocadas. E assim começa um movimento altamente transmissível e absurdamente eficaz. Pra não ficar tão abstrato, tem até uma página dedicada a ele no site da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, aqui.
Mas o que a Paula tem a ver com isso? A Paula pode nem conhecer o movimento, mas sem saber já faz parte dele. Ontem chegou em casa um envelope endereçado aos "Loews na Europa". Dentro, bilhetinhos e um mini-envelopinho para cada um dos Loews que estarão por aqui e visitarão a gente no próximo mês, além da gente mesmo, é claro. A Paula estava lááá no Japão, e não só se lembrou de comprar lembrancinhas fofas pra cada um de nós, os primos-do-marido-dela, como se deu ao trabalho de fazer cartinhas fofas e mandar pra cá. Não se trata de gastar dinheiro comprando presentes pros outros. É o gesto de se lembrar, é o gesto de mandar, é o gesto de fazer tudo de um jeito mais fofo. Afinal, tudo na vida a gente pode fazer daquele jeito, que todo mundo faz, ou de um outro jeito, especial, com um toque de gentileza que não custa nada, mas tem o poder de transformar o mundo.
Monday, April 14, 2008
Só pra finalizar
Com um pouquinho de atraso, talvez com o timing um pouco vencido, gostaria de publicar um outro e-mail que recebi sobre o assunto saúde, da Paula. É um contraponto interessante ao do Marcos, sem discordar, apenas desenvolvendo um pouquinho mais a questão e mostrando o ponto de vista de outro setor relacionado (a Paula é engenheira de alimentos). Ah. E eu concordo com todos. E estou adorando essa participação e principalmente ver que tem sim, gente pensando com carinho no Brasil.
Segue o email, que eu não quis editar apesar de longo. Tenham paciência e leiam, prometo que é o último ;-)
"Concordo quando se estabelece a relação entre o custo de um número num fast food ao salário médio brasileiro e o americano. Aqui, $5 a $10 dólares compra pouca comida boa, mas muita comida gorda e ruim, o que acaba atraindo pessoas que não recebem um salário muito alto e tem que se alimentar de coisas mais calóricas para poder fazer um trabalho árduo durante o dia. Ao contrário, R$10 no McDonalds é luxo no Brasil.
Mas não acho que, mesmo hipoteticamente, o aumento ao acesso a esse tipo de produto como consequência do aumento de renda faria com que a nossa população engordasse mais e pudesse ter acesso às academias com convênios. Hoje nós já temos uma grande parcela da população no Brasil que está (bem) acima do peso. Infelizmente, grande parte dela também é a que se encaixa nos problemas citados como doenças cardíacas e câncer, simplesmente porque uma giga parte da nossa população não tem acesso a informação.
Muitas bolachas e biscoitos são enriquecidos não somente para atrair mães com consciência das necessidades das suas crianças, mas porque muitas pessoas pobres se alimentam dessas bolachas, que ainda são mais baratas e práticas do que um prato de comida. No boom das gorduras trans, as empresas de alimentos correram que nem doidas atrás de alternativas para o problema, mas não adianta. Muita gente que compra não faz a menor idéia do que eram as trans e continuariam comprando do mesmo jeito. Porque é gostoso, prático, não demanda tempo e é barato.
E mesmo com a justificativa que eu li, ainda acho que o movimento pró convênio entre academias e planos de saúde funcionaria, pois é só pensar quais planos de saúde teriam esses convênios. O número de beneficiários de planos de saúde é muito pequeno em relação a população total, ou seja, são as pessoas que tem dinheiro para Mc, frutas, cozinheiras e academia que usam plano de saúde. Entretanto, isso não elimina o benefício dos planos incentivarem hábitos saudáveis, já que economizariam dinheiro. Aliás, já o fazem pagando exames preventivos e check ups.
Eu já trabalhei em indústria e acho que esses planos com convênios não teriam grande apelo para seus funcionários menos graduados, pois qual a vantagem de ter um desconto em academia para um funcionário que exerce um trabalho braçal durante o dia todo? Somente profissionais que ficam sentados durante seu trabalho, na frente do computador, com um grande trabalho intelectual se interessariam por esse tipo de serviço. E quem são essas pessoas? Nós.
Mais um vez enfrentamos o grande problema da diferença social, em que conseguimos concluir que excluindo uma parcela da população, algo que funciona por aí, também funcionaria no Brasil. (suspiro)... será que um dia isso muda?"
Thanks Py e Marcos, acho que vou contratar vocês pra um blog-fórum de discussão!
Segue o email, que eu não quis editar apesar de longo. Tenham paciência e leiam, prometo que é o último ;-)
"Concordo quando se estabelece a relação entre o custo de um número num fast food ao salário médio brasileiro e o americano. Aqui, $5 a $10 dólares compra pouca comida boa, mas muita comida gorda e ruim, o que acaba atraindo pessoas que não recebem um salário muito alto e tem que se alimentar de coisas mais calóricas para poder fazer um trabalho árduo durante o dia. Ao contrário, R$10 no McDonalds é luxo no Brasil.
Mas não acho que, mesmo hipoteticamente, o aumento ao acesso a esse tipo de produto como consequência do aumento de renda faria com que a nossa população engordasse mais e pudesse ter acesso às academias com convênios. Hoje nós já temos uma grande parcela da população no Brasil que está (bem) acima do peso. Infelizmente, grande parte dela também é a que se encaixa nos problemas citados como doenças cardíacas e câncer, simplesmente porque uma giga parte da nossa população não tem acesso a informação.
Muitas bolachas e biscoitos são enriquecidos não somente para atrair mães com consciência das necessidades das suas crianças, mas porque muitas pessoas pobres se alimentam dessas bolachas, que ainda são mais baratas e práticas do que um prato de comida. No boom das gorduras trans, as empresas de alimentos correram que nem doidas atrás de alternativas para o problema, mas não adianta. Muita gente que compra não faz a menor idéia do que eram as trans e continuariam comprando do mesmo jeito. Porque é gostoso, prático, não demanda tempo e é barato.
E mesmo com a justificativa que eu li, ainda acho que o movimento pró convênio entre academias e planos de saúde funcionaria, pois é só pensar quais planos de saúde teriam esses convênios. O número de beneficiários de planos de saúde é muito pequeno em relação a população total, ou seja, são as pessoas que tem dinheiro para Mc, frutas, cozinheiras e academia que usam plano de saúde. Entretanto, isso não elimina o benefício dos planos incentivarem hábitos saudáveis, já que economizariam dinheiro. Aliás, já o fazem pagando exames preventivos e check ups.
Eu já trabalhei em indústria e acho que esses planos com convênios não teriam grande apelo para seus funcionários menos graduados, pois qual a vantagem de ter um desconto em academia para um funcionário que exerce um trabalho braçal durante o dia todo? Somente profissionais que ficam sentados durante seu trabalho, na frente do computador, com um grande trabalho intelectual se interessariam por esse tipo de serviço. E quem são essas pessoas? Nós.
Mais um vez enfrentamos o grande problema da diferença social, em que conseguimos concluir que excluindo uma parcela da população, algo que funciona por aí, também funcionaria no Brasil. (suspiro)... será que um dia isso muda?"
Thanks Py e Marcos, acho que vou contratar vocês pra um blog-fórum de discussão!
Wednesday, April 09, 2008
A saúde no Brasil
Esse foi o e-mail que recebi do Marcos, de uma seguradora da área de saúde, em resposta ao meu post, abaixo, sobre a nova geração de planos de saúde que está crescendo por aqui.
Achei o texto do Marcos super esclarecedor e porque não, um ótimo tema para reflexão não só sobre a saúde em si mas sobre o permanante lugar que o Brasil ocupa sempre um passo atrás de outros países. Mas neste caso, é um lugar atrás que poderia, num golpe de mestre, virar na frente. Explico: de acordo com o e-mail do Marcos, em termos gerais, a saúde no Brasil é melhor do que nos países desenvolvidos porque o Brasil é mais pobre e a renda das pessoas não permite chocolate e fast-food. Quando os países ficam ricos, as pessoas ficam gordas, e planos de saúde geniais aparecem. O caminho natural do Brasil seria enriquecer, engordar, e depois criar planos de saúde geniais para emagracer todo mundo e chegar no ideal do país rico e saudável, provavelmente 15 ou 20 anos depois de os países desenvolvidos terem alcançado isso. Então, por que não, com essa previsão em mãos, enriquecer e educar ao mesmo tempo, pular uma etapa e finalmente deixar de estar sempre para trás?
Segue o texto.
"Aqui o pessoal começou a desenvolver planos neste sentido. Essas ideias simpáticas vieram todas de um livro que todo o setor de saúde no mundo usa e se chama "Redefining Healthcare" do Porter.
Esse tipo de ação é muito boa mesmo, porém os incentivos para a adoção delas no Brasil ainda são muito baixos.
Em especial no Reino Unido uma parcela substancial das "medical claims" estão relacionadas à procedimentos complexidade média e doenças diretamente causadas pelo estilo de vida da população. A exemplo da obesidade e alcoolismo que acarretam em doenças cardíacas, diabetes e algumas formas de câncer.
Aqui em território tupiniquim a maioria de nossas "Claims" estão relacionadas à catarata, câncer de mama, doenças pulmonares e eventos em pronto-socorro.
Por incrível que pareça a dieta brasileira e nossas praticas sociais propiciam um estilo de vida mais saudável. Mas com a evolução do perfil sócioeconomico e aumento da renda, é bem provável que em cinco anos nossos perfil de atendimento médico se assemelhe mais ao dos britânicos.
Outra coisa que os britânicos fazem que é bem legal, e inclusive alguns MP's estão tentado impor via lei, é a passagem periódica e obrigatória das pessoas em seus General Practitioners para a identificação de patologias em estágios iniciais assim como "assessing probable health risks".
...
Ele (o setor de saúde) se assemelha mais ao modelo de negócio de seguradoras, ou seja, todos os incentivos a mudanças e inovações estão relacionados à quantificação de probabilidades de ocorrência de determinados eventos.
Então usando aquela lógica do "Freakonomics" para termos academias subsidiadas por planos de saúde precisamos abrir vários McDonalds, Burger King, Arbys, Starbucks e isentar a Elmma Chips de ICMS, PIS e CONFIS.
Outra coisa que poderia ajudar seria contratar estes fornecedores para fazer a merenda escolar de escolas públicas, lógico que não poderíamos esquecer que colocar vending machines da Coca-cola em todas as escolas.
Aí seria só uma questão de tempo para conseguirmos que mais de 50% da população entre 5-10 anos de idade, 30% entre 10 e 20 anos, e , 40% da população acima dos 30 anos estivessem acima do peso e hipertensas. Deste ponto em diante teremos Cia Athletica e Fórmula a preços próximos dos R$50,00."
Conclusão: esqueçam a academia de graça, vamos deixar assim mesmo como está.
Achei o texto do Marcos super esclarecedor e porque não, um ótimo tema para reflexão não só sobre a saúde em si mas sobre o permanante lugar que o Brasil ocupa sempre um passo atrás de outros países. Mas neste caso, é um lugar atrás que poderia, num golpe de mestre, virar na frente. Explico: de acordo com o e-mail do Marcos, em termos gerais, a saúde no Brasil é melhor do que nos países desenvolvidos porque o Brasil é mais pobre e a renda das pessoas não permite chocolate e fast-food. Quando os países ficam ricos, as pessoas ficam gordas, e planos de saúde geniais aparecem. O caminho natural do Brasil seria enriquecer, engordar, e depois criar planos de saúde geniais para emagracer todo mundo e chegar no ideal do país rico e saudável, provavelmente 15 ou 20 anos depois de os países desenvolvidos terem alcançado isso. Então, por que não, com essa previsão em mãos, enriquecer e educar ao mesmo tempo, pular uma etapa e finalmente deixar de estar sempre para trás?
Segue o texto.
"Aqui o pessoal começou a desenvolver planos neste sentido. Essas ideias simpáticas vieram todas de um livro que todo o setor de saúde no mundo usa e se chama "Redefining Healthcare" do Porter.
Esse tipo de ação é muito boa mesmo, porém os incentivos para a adoção delas no Brasil ainda são muito baixos.
Em especial no Reino Unido uma parcela substancial das "medical claims" estão relacionadas à procedimentos complexidade média e doenças diretamente causadas pelo estilo de vida da população. A exemplo da obesidade e alcoolismo que acarretam em doenças cardíacas, diabetes e algumas formas de câncer.
Aqui em território tupiniquim a maioria de nossas "Claims" estão relacionadas à catarata, câncer de mama, doenças pulmonares e eventos em pronto-socorro.
Por incrível que pareça a dieta brasileira e nossas praticas sociais propiciam um estilo de vida mais saudável. Mas com a evolução do perfil sócioeconomico e aumento da renda, é bem provável que em cinco anos nossos perfil de atendimento médico se assemelhe mais ao dos britânicos.
Outra coisa que os britânicos fazem que é bem legal, e inclusive alguns MP's estão tentado impor via lei, é a passagem periódica e obrigatória das pessoas em seus General Practitioners para a identificação de patologias em estágios iniciais assim como "assessing probable health risks".
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Ele (o setor de saúde) se assemelha mais ao modelo de negócio de seguradoras, ou seja, todos os incentivos a mudanças e inovações estão relacionados à quantificação de probabilidades de ocorrência de determinados eventos.
Então usando aquela lógica do "Freakonomics" para termos academias subsidiadas por planos de saúde precisamos abrir vários McDonalds, Burger King, Arbys, Starbucks e isentar a Elmma Chips de ICMS, PIS e CONFIS.
Outra coisa que poderia ajudar seria contratar estes fornecedores para fazer a merenda escolar de escolas públicas, lógico que não poderíamos esquecer que colocar vending machines da Coca-cola em todas as escolas.
Aí seria só uma questão de tempo para conseguirmos que mais de 50% da população entre 5-10 anos de idade, 30% entre 10 e 20 anos, e , 40% da população acima dos 30 anos estivessem acima do peso e hipertensas. Deste ponto em diante teremos Cia Athletica e Fórmula a preços próximos dos R$50,00."
Conclusão: esqueçam a academia de graça, vamos deixar assim mesmo como está.
Friday, April 04, 2008
Bom pra todo mundo
É de idéias assim que o mundo - os consumidores e os profissionais - precisam para se entender melhor.
Eu já tinha visto por aqui propaganda de plano de saúde dizendo que dava desconto em academia de ginástica. Achei que fazia sentido, afinal se você se exercita você tem menos chances de ter doenças, portanto o plano acaba gastando menos com você.
Mas acabei nem pesquisando sobre o assunto.
Hoje fui almoçar com uma amiga que é malhação-maníaca e ela me contou que o plano de saúde do marido dela (fornecido pela empresa dele) não só paga pela academia dos dois como vai dando descontos na mensalidade de acordo com o uso da academia. A partir de 2 vezes por semana, já tem desconto. Eu já estava achando o máximo da genialidade quando ela me contou que não pára por aí: ela também acumula pontos no supermercado quando compra frutas e outros produtos benéficos ao organismo, e esses pontos vão se convertendo em mais descontos no plano.
É genial. É do bem. A seguradora economiza, o consumidor economiza, e as pessoas ficam muito mais saudáveis.
Eu só queria entender por que no Brasil, o país do plano de saúde particular, isso ainda não funciona assim. E os planos continuam pagando toneladas de consutas médicas particulares absolutamente substituíveis por uma voltinha de bicicleta ou uma caminhada para o trabalho.
...
Sem contar que ainda ia melhorar o trânsito das cidades, que pelo jeito anda (ou melhor, não anda) bem complicado. Mas é que brasileiro é assim, fica parado horas dentro do carro com medo de assalto mas não vai a pé de jeito nenhum.
Eu já tinha visto por aqui propaganda de plano de saúde dizendo que dava desconto em academia de ginástica. Achei que fazia sentido, afinal se você se exercita você tem menos chances de ter doenças, portanto o plano acaba gastando menos com você.
Mas acabei nem pesquisando sobre o assunto.
Hoje fui almoçar com uma amiga que é malhação-maníaca e ela me contou que o plano de saúde do marido dela (fornecido pela empresa dele) não só paga pela academia dos dois como vai dando descontos na mensalidade de acordo com o uso da academia. A partir de 2 vezes por semana, já tem desconto. Eu já estava achando o máximo da genialidade quando ela me contou que não pára por aí: ela também acumula pontos no supermercado quando compra frutas e outros produtos benéficos ao organismo, e esses pontos vão se convertendo em mais descontos no plano.
É genial. É do bem. A seguradora economiza, o consumidor economiza, e as pessoas ficam muito mais saudáveis.
Eu só queria entender por que no Brasil, o país do plano de saúde particular, isso ainda não funciona assim. E os planos continuam pagando toneladas de consutas médicas particulares absolutamente substituíveis por uma voltinha de bicicleta ou uma caminhada para o trabalho.
...
Sem contar que ainda ia melhorar o trânsito das cidades, que pelo jeito anda (ou melhor, não anda) bem complicado. Mas é que brasileiro é assim, fica parado horas dentro do carro com medo de assalto mas não vai a pé de jeito nenhum.
Wednesday, March 26, 2008
Trauma que não sai no banho
Sabem aquela marca de cosméticos chamada Lush?
O Ric numa atitude de marido mega fofo resolveu me dar de páscoa uns sais de banho efervescentes desa loja, já que eu tô numa fase "afastem o chocolate de mim". Esses sais têm o formato e tamanho de bolas de tênis, você joga na banheira e eles ficam dissolvendo e soltando perfume enquanto você relaxa. Tem de todos os tipos, pra todas as intenções: relaxante, estimulante, revigorante, etc etc.
Pois então, um dos que o Ric comprou tinha um pombo da paz, era do tipo "zen" e a embalagem dizia que, quando a bola estivesse acabando de dissolver, apareceria uma mensagem. E lá fomos nós para a banheira zen, falando sobre o ano que passou, fazendo pedidos pro ano que começa, refletindo sobre os acontecimentos, aquele papo todo de páscoa, renovação e tal.
E de fato, quando a bola estava quase no final, começou a aparecer o papelzinho da mensagem. E a gente levando super a sério. Parecia quase uma consulta espiritual, os dois olhando pro papelzinho, nervosos.
E o que aparece? Um papelzinho estranho com a foto de um prisioneiro e do outro lado, o texto "fulano de tal, aprisionado desde 2002 sem julgamento".
WTF?
Por um momento ainda pensei que podia ser um protestante infiltrado na fábrica, trocando as mensagens zens por papeizinhos de revolta política. Mas não. Entrei no site e é isso mesmo.
Tipo, eu simpatizo, respeito, acho que a gente tem mesmo que abrir os olhos pros problemas do mundo e tal. Mas deixa eu tomar meu banho relaxante em paz?
O Ric numa atitude de marido mega fofo resolveu me dar de páscoa uns sais de banho efervescentes desa loja, já que eu tô numa fase "afastem o chocolate de mim". Esses sais têm o formato e tamanho de bolas de tênis, você joga na banheira e eles ficam dissolvendo e soltando perfume enquanto você relaxa. Tem de todos os tipos, pra todas as intenções: relaxante, estimulante, revigorante, etc etc.
Pois então, um dos que o Ric comprou tinha um pombo da paz, era do tipo "zen" e a embalagem dizia que, quando a bola estivesse acabando de dissolver, apareceria uma mensagem. E lá fomos nós para a banheira zen, falando sobre o ano que passou, fazendo pedidos pro ano que começa, refletindo sobre os acontecimentos, aquele papo todo de páscoa, renovação e tal.
E de fato, quando a bola estava quase no final, começou a aparecer o papelzinho da mensagem. E a gente levando super a sério. Parecia quase uma consulta espiritual, os dois olhando pro papelzinho, nervosos.
E o que aparece? Um papelzinho estranho com a foto de um prisioneiro e do outro lado, o texto "fulano de tal, aprisionado desde 2002 sem julgamento".
WTF?
Por um momento ainda pensei que podia ser um protestante infiltrado na fábrica, trocando as mensagens zens por papeizinhos de revolta política. Mas não. Entrei no site e é isso mesmo.
Tipo, eu simpatizo, respeito, acho que a gente tem mesmo que abrir os olhos pros problemas do mundo e tal. Mas deixa eu tomar meu banho relaxante em paz?

Wednesday, February 20, 2008
Esses veículos, os carros
Londres é uma cidade na qual quase não se tem necessidade de ter carro. Uma coisa rara, um exemplo importante, que eu acredito sinceramente que seja o futuro - porque é melhor e porque tem que ser assim. A concepção de transporte "cada um no seu carro, com o banco de trás vazio" é um absurdo, uma promiscuidade. É quase como a festa do sexo antes da aids aparecer. Todo mundo feliz e contente com seu carrão, e de repente, bum! Explosão de gás carbono na atmosfera, desastres naturais, aquecimento global e tudo aquilo mais que a gente está cansado de escutar. Um carro pra cada um é uma prática incabível que tem que ser esquecida, mais cedo ou mais tarde.
A sensação de que os ingleses estão sempre à frente do nosso tempo sempre me acompanhou, e enquanto no Brasil o sonho das pessoas é o carro próprio, aqui eles já estão criando regras e sistemas de transporte para que os carros sejam cada vez menos usados e necessários. O que eu acho lindo e óbvio, e me deixa inconformada o fato de em outros lugares isso não estar sendo nem considerado ainda.
Mas não sejamos utópicos. Enquanto não estivermos plantando nosso próprio alimento no quintal, precisaremos ir e vir em busca de suprimentos. Precisaremos ir até o supermercado e voltar pra casa carregados de sacolas. E não se trata só do consumo: e as viagens? Eu não quero que voltemos no tempo a ponto de vivermos cada um na sua porção de terra, plantando seus vegetais e isolados do resto do mundo. Não que eu realmente ache que isso pode acontecer. Seria voltar aos feudos. Então como faríamos pra viajar? Pra ir ali até a praia? Não tem jeito, carro ainda vai ser por muito tempo essencial em algumas situações.
Por tudo isso eu achei genial o que descobri ontem: O Streetcar. Trata-se de um sistema de carro pay as you go: você só usa quando realmente precisa. É tipo um carro coletivo que só na hora de fazer aquela baita compra e precisar de um porta-malas, ou ir viajar no fim de semana, você pega. Funciona como um clube, você se registra, paga uma anuidade e recebe em casa um cartão. Depois, é só ir até onde tenham carros disponíveis, que é literalmente em cada esquina (perto de casa achei 3 pontos, todos a uns 2 minutos a pé). Você abre o carro com o cartão, coloca no painel o código do aluguel que você fez pela internet e pronto, dá a partida e sai dirigindo. A tarifa depende de quanto tempo você vai ficar com ele, que podem ser períodos de meia hora a um mês. Sempre, claro, muitíssimo mais barato do que um aluguel comum e complicado das rent-a-cars da vida.

Eu, que estava louca pra pegar uma estrada e conhecer a Inglaterra direito, sem ter que depender de trens, ônibus e estações, podendo parar onde bem entendesse pra tirar fotos ou admirar a paisagem, fiquei empolgadíssima. Pra ficar perfeito mesmo, agora só falta eles substituirem os carros pelos novos modelos de emissão zero de carbono que já estão sendo produzidos por aqui, como o Honda Civic Hybrid. Aí sim vou poder dizer que "Oh, that's the idea! Making good use of baaad rubbish!"
A sensação de que os ingleses estão sempre à frente do nosso tempo sempre me acompanhou, e enquanto no Brasil o sonho das pessoas é o carro próprio, aqui eles já estão criando regras e sistemas de transporte para que os carros sejam cada vez menos usados e necessários. O que eu acho lindo e óbvio, e me deixa inconformada o fato de em outros lugares isso não estar sendo nem considerado ainda.
Mas não sejamos utópicos. Enquanto não estivermos plantando nosso próprio alimento no quintal, precisaremos ir e vir em busca de suprimentos. Precisaremos ir até o supermercado e voltar pra casa carregados de sacolas. E não se trata só do consumo: e as viagens? Eu não quero que voltemos no tempo a ponto de vivermos cada um na sua porção de terra, plantando seus vegetais e isolados do resto do mundo. Não que eu realmente ache que isso pode acontecer. Seria voltar aos feudos. Então como faríamos pra viajar? Pra ir ali até a praia? Não tem jeito, carro ainda vai ser por muito tempo essencial em algumas situações.
Por tudo isso eu achei genial o que descobri ontem: O Streetcar. Trata-se de um sistema de carro pay as you go: você só usa quando realmente precisa. É tipo um carro coletivo que só na hora de fazer aquela baita compra e precisar de um porta-malas, ou ir viajar no fim de semana, você pega. Funciona como um clube, você se registra, paga uma anuidade e recebe em casa um cartão. Depois, é só ir até onde tenham carros disponíveis, que é literalmente em cada esquina (perto de casa achei 3 pontos, todos a uns 2 minutos a pé). Você abre o carro com o cartão, coloca no painel o código do aluguel que você fez pela internet e pronto, dá a partida e sai dirigindo. A tarifa depende de quanto tempo você vai ficar com ele, que podem ser períodos de meia hora a um mês. Sempre, claro, muitíssimo mais barato do que um aluguel comum e complicado das rent-a-cars da vida.

Eu, que estava louca pra pegar uma estrada e conhecer a Inglaterra direito, sem ter que depender de trens, ônibus e estações, podendo parar onde bem entendesse pra tirar fotos ou admirar a paisagem, fiquei empolgadíssima. Pra ficar perfeito mesmo, agora só falta eles substituirem os carros pelos novos modelos de emissão zero de carbono que já estão sendo produzidos por aqui, como o Honda Civic Hybrid. Aí sim vou poder dizer que "Oh, that's the idea! Making good use of baaad rubbish!"
Thursday, February 14, 2008
14 de fevereiro
Hoje é um dia muito especial.
Primeiro, e mundialmente famoso, hoje é o dia de São Valentim (Saint Valentine), o santo dos casais. Este dia é o "dia dos namorados" da Europa e América do Norte, onde 12 de Junho não significa nada. Vejam só a explicação da Wikipedia para a origem desta comemoração: "Durante o governo do imperador Claudius II, este proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Claudius acreditava que se os jovens não tivessem família, se alistariam com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentine e as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentine foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Asterius, filha do carcereiro, que conseguiu a permissão do pai para visitar Valentine. Os dois acabaram se apaixonando e milagrosamente ela recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentine”, expressão ainda hoje utilizada. Valentine foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C."
Aqui já estamos convivendo com essa data há pelo menos um mês, quando as vitrines e propagandas foram invadidas por coraçõezinhos vermelhos, pinks, rosas e todas as outras variações das cores que remetem ao amor. Mas a história, pra mim, continua sendo o motivo mais importante de comemoração. Um dia para homenagear um Santo que acreditava no amor e lutou contra seu imperador para manter essa chama acesa. Não é lindo?
Além disso, hoje também é o dia do aniversário da minha cunhada querida, a Marina. Que, por sinal, é co-responsável pelo meu encontro com o Ricardo. Ou seja, a Má é a minha Saint Valentine moderna.
E pra finalizar, hoje eu e o Ricardo fazemos 7 meses de casados.
:-)
Hoje é ou não é realmente um dia especial? Então que neste dia, todos os casais celebrem o amor em sua forma mais pura, mais bonita. Que a Má e todos os outros aniversariantes do dia renovem todas as suas esperanças e forças para entrar nesse novo ano de suas vidas cheias de coisas positivas incluindo, claro, muito amor.
Feliz Valentine's day, povo!
Primeiro, e mundialmente famoso, hoje é o dia de São Valentim (Saint Valentine), o santo dos casais. Este dia é o "dia dos namorados" da Europa e América do Norte, onde 12 de Junho não significa nada. Vejam só a explicação da Wikipedia para a origem desta comemoração: "Durante o governo do imperador Claudius II, este proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Claudius acreditava que se os jovens não tivessem família, se alistariam com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentine e as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentine foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Asterius, filha do carcereiro, que conseguiu a permissão do pai para visitar Valentine. Os dois acabaram se apaixonando e milagrosamente ela recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentine”, expressão ainda hoje utilizada. Valentine foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C."
Aqui já estamos convivendo com essa data há pelo menos um mês, quando as vitrines e propagandas foram invadidas por coraçõezinhos vermelhos, pinks, rosas e todas as outras variações das cores que remetem ao amor. Mas a história, pra mim, continua sendo o motivo mais importante de comemoração. Um dia para homenagear um Santo que acreditava no amor e lutou contra seu imperador para manter essa chama acesa. Não é lindo?
Além disso, hoje também é o dia do aniversário da minha cunhada querida, a Marina. Que, por sinal, é co-responsável pelo meu encontro com o Ricardo. Ou seja, a Má é a minha Saint Valentine moderna.
E pra finalizar, hoje eu e o Ricardo fazemos 7 meses de casados.
:-)
Hoje é ou não é realmente um dia especial? Então que neste dia, todos os casais celebrem o amor em sua forma mais pura, mais bonita. Que a Má e todos os outros aniversariantes do dia renovem todas as suas esperanças e forças para entrar nesse novo ano de suas vidas cheias de coisas positivas incluindo, claro, muito amor.
Feliz Valentine's day, povo!
Monday, February 11, 2008
EDF Energy
Aproveitando a onda dos comerciais iniciada pela Paula (do California Dreaming, aqui do lado), vou falar de um que faz tempo que eu quero comentar aqui.
A empresa EDF Energy começou a veicular há algum tempo esses comerciais fofos, completamente do bem, falando de atitude verde, respeito ao meio ambiente e da economia de energia que todos nós podemos adotar.
Eu e o Ri sempre ficávamos felizes quando esse comercial passava, aprendemos até a cantar a musiquinha.
E acho que não foi só com a gente que ele fez sucesso, porque eles foram alterando as imagens do comercial, mas a música e a mensagem são sempre as mesmas.
E não é que, procurando o comercial no Youtube para colocar aqui, o Ri descobriu o que talvez tenha sido a fonte de inspiração de quem criou o dito cujo? É o que sempre digo: na publicidade nada se cria, tudo se transforma.
O mais legal é que, além da sacada fantástica de usar essa música para esse comercial, todo ele é feito com películas originais de filmes que foram "reciclados".
Vejam abaixo, uma das versões do comercial e depois um outro filminho, datado de algumas dezenas de anos atrás :-)
Update: Suspeita confirmada! Texto sobre a relação entre os filmes:
"This is the first time EDF Energy has ever aired a TVC. Which is part of a full scale multi-media advertising campaign that goes live on Sunday (6 January 2008) with this 60 sec TV advert made entirely from recycled film clips.
The soundtrack featured in the advert, "It's Not Easy Being Green", has been adapted from the original version written by Joe Raposo for Sesame Street in 1970. In this case the song is used to highlight that while it may be difficult to change behaviour over night, it's up to all of us to become part of the solution in helping combat climate change."
A empresa EDF Energy começou a veicular há algum tempo esses comerciais fofos, completamente do bem, falando de atitude verde, respeito ao meio ambiente e da economia de energia que todos nós podemos adotar.
Eu e o Ri sempre ficávamos felizes quando esse comercial passava, aprendemos até a cantar a musiquinha.
E acho que não foi só com a gente que ele fez sucesso, porque eles foram alterando as imagens do comercial, mas a música e a mensagem são sempre as mesmas.
E não é que, procurando o comercial no Youtube para colocar aqui, o Ri descobriu o que talvez tenha sido a fonte de inspiração de quem criou o dito cujo? É o que sempre digo: na publicidade nada se cria, tudo se transforma.
O mais legal é que, além da sacada fantástica de usar essa música para esse comercial, todo ele é feito com películas originais de filmes que foram "reciclados".
Vejam abaixo, uma das versões do comercial e depois um outro filminho, datado de algumas dezenas de anos atrás :-)
Update: Suspeita confirmada! Texto sobre a relação entre os filmes:
"This is the first time EDF Energy has ever aired a TVC. Which is part of a full scale multi-media advertising campaign that goes live on Sunday (6 January 2008) with this 60 sec TV advert made entirely from recycled film clips.
The soundtrack featured in the advert, "It's Not Easy Being Green", has been adapted from the original version written by Joe Raposo for Sesame Street in 1970. In this case the song is used to highlight that while it may be difficult to change behaviour over night, it's up to all of us to become part of the solution in helping combat climate change."
Tuesday, November 20, 2007
Campanha contra a pobreza
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