Friday, September 26, 2008

Onde a gente se meteu

Quem é que gosta de corretores imobiliários? Poucos. Coitados deles, afinal existem exceções como em qualquer outra generalização. Mas os corretores têm uma fama ruim, bem ruim, e vamos combinar que muitos deles merecem. Sabemos que eles vivem do que vendem mas, outros tipos de vendedores também e não são tão chatos. Bom, alguns são. Mas enfim, os corretores fazem algumas pessoas quererem atravessar a rua para não encontrá-los, e eu e Ricardo fomos contra todo o preconceito ontem e nos enfiamos numa feira de imóveis cheia, lotada, de corretores. E ainda pagamos por isso. Pois é, o desepero faz cada coisa.
Nessa procura maluca de um lar, descobrimos que ia ter no Anhembi essa feira, a SISP - Salão Imobilário de SP. É cansativo, mas pelo menos está todo mundo lá, reunido num só lugar, e dá pra facilitar um pouco o trabalho desgastante que é ir de construtora em construtora, corretora em corretora, ciscando grãos em cada canto de SP.

Uma coisa me assustou. Já tive que organizar stand em feiras antes e sei que é um gasto alto para o expositor, não só com o espaço mas também com a produção do stand em si. Pois nessa feira os stands eram de altíssimo nível, dava pra ver que as empresas tinham feito um grande investimento. Bacana. Mas na hora de ser atendida, ah, que lástima. Corretores absolutamente despreparados, perdidos, sem material de apoio, sem saber o que tinha de imóvel disponível para venda. A gente lá, querendo comprar, e eles lá, sem saber o que oferecer. Tinha corretor que não sabia metragem dos apartamentos. Outro não sabia onde era o bairro. Um terceiro, coitado, não sabia mexer no computador - mas o stand era todo online, cada corretor tinha um espaço conectado à central de onde deveriam fazer as pesquisas, ao invés de ficar folheando aquela papelada. Fiquei pensando, qual é o problema que existe dentro das empresas que as faz ter esse enorme gap de comunicação interna: stands lindos e pessoal tão despreparado. Fiquei pensando também em quantas vendas eles não perderam por isso. E quanto dinheiro não estão desperdiçando com o não aproveitamento dos recursos investidos na feira.

Eu saí de lá com a impressão de ter chegado perto do que queria achar, mas por pouco, não achei nada. Com um feeling de que meu apartamento perfeito podia estar lá, escondido em algum folder na pasta de um corretor que não fez a lição de casa antes de ir pra feira.

Mas duas coisas fizeram valer o passeio, e vou contar sobre elas. A primeira foi um stand do Governo do Estado de São Paulo - Secretaria da Habitação - apresentando o novo projeto de habitação popular do CDHU. Uma casinha bonitinha - confesso que eu ficaria bem feliz com uma delas se não fosse o lugar onde são construídas - com 2 quartos, toda adaptada (consequentemente ampla) para deficientes fisicos, com detalhes como barras e interruptores em alturas mais adequadas e chã0 especial, entre outros. Legal saber que o governo está tirando projetos como esse do papel.

A outra foi o stand da Escosfera Empreendimentos Sustentáveis. O espaço em si não era tão bacana e coerente quanto o do Banco Real (que estava lá oferecendo crédito), todo de material reciclado. Mas foi um bom começo. Mostrava todos os itens de sustentabilidade que seus empreendiments têm como diferencial, coisas como energia solar para áreas comuns, sistemas de economia de energia, reutilização de água da chuva. Nenhuma super novidade. Mas pelo menos alguém começou a fazer. Dêem uma olhada no site deles, vale a pena. É bom saber que esse tipo de coisa está começando a acontecer por aqui, mesmo que seja de forma tímida. Ah, e o stand estava lotado :-)
http://www.ecolifeindependencia.com.br/home/

Tuesday, September 23, 2008

Eu voltei

E eu... voltei. Aqui estou, há dez dias que parecem 24 horas às vezes, três meses outras vezes, nesta cidade maluca chamada São Paulo.

A primeira impressão foi aquela que eu temia. Um horizonte cinzento, mar de prédios dos quais não se consegue ver o topo através do ar seco, escuro e denso de poluição.

A segunda impressão foi melhor; a primeira vez que fui num mercado (um chique no Morumbi, comprar flores pra levar de presente) e a moça da minha frente estava recusando as mil sacolinhas plásticas que o empacotador insistia em usar para colocar poucos itens. Fiquei feliz. Toda orgulhosa, quando chegou minha vez, sorri e disse "pra mim não precisa de sacolinha também não, moço". Muita ingenuidade minha achar que estou conseguindo fazer algo com este exemplo?

A terceira impressão foi ótima. Choveu, limpou o ar. Eu, que temia o calor e rezava por um inverno fora de época e prolongado que se estendesse até dezembro, fui ouvida - pelo menos por enquanto. Melhor não falar muito. Há pelo menos uma semana faz um friozinho quase europeu em São Paulo.

A minha falta de rotina também ajuda a não ver o famoso trânsito, então desse mal eu ainda não sofri.

A cidade está mais bonita. Pra quem está aqui pode não ter feito muita diferença, afinal a velocidade é baixa e a quantidade de mudanças necessárias é enorme. Mas mudou. Eu, que fiquei sem olhar São Paulo como a "cidade onde eu moro" por 1 ano e meio, e agora voltei a enxergar, achei-a muito melhor. Mais bem-cuidada, mais vaidosa. As praças estão arrumadas os ipês estão em flor (ok, isso é culpa unicamente da primavera que sim, existe por aqui também). Não existem mais os horrendos outdoors. Aliás, ei, vocês que ainda criticam esse projeto. Vocês realmente se lembram como eram os outdoors? Aquelas estruturas precárias de madeira, uma atrás da outra, subindo e descendo as laterais das avenidas, tentando esconder o lixo que se acumulava por trás? Pois é, lembrem-se disso. Não é possível não gostar do que foi feito.

Novos parques foram abertos.

Impressão minha, talvez, mas as pessoas estão menos neuróticas. Outro dia tinha um rapaz todo contente, desligado, vidrão aberto no meio do trânsito, sorrindo.
Ou fui eu que fantasiei um Brasil muito pior do que realmente era?

O fato é que, estou aqui. Voltei e tenho tido motivos pra me orgulhar. E isso é bom.
A procura de casa está caótica, mas vamos deixar só boas coisas para este post e deixar o que não é tão bom assim pra outra ocasião.
Aproveito pra dar uma dica que ilustra bem o que ando vendo de bom por aqui: o blog http://www.oguiaverde.com/, da jornalista Priscilla Santos. Eu aqui pensando em fazer um blog sobre o que fosse encontrando de bacana, verde & sustentável em São Paulo, demorei muito, a Priscilla já fez. Ela trabalha na revista Vida Simples, que eu adoro, e fez uma matéria que incluiu o nosso "Família vende tudo" online, o blog que fiz pra vender nossas coisinhas quando resolvemos ir embora de Londres. A matéria pode ser lida aqui: http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/071/mente_aberta/conteudo_305412.shtml.

Fora os amigos e a família. A gente repete tanto isso quando está fora, que "sente falta dos amigos e da família" que vira clichê e fica batido. Mas é tão verdade. O que seria da vida sem eles?