Showing posts with label Amsterdam. Show all posts
Showing posts with label Amsterdam. Show all posts

Sunday, June 03, 2007

Mais Amsterdam

O abraço grátis na praça...



...a bolacha do chopp...



...e a lembrança do Brasil.

Saturday, June 02, 2007

Amsterdam - a cidade das bicicletas

Eu sempre digo que o ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar às as coisas.
A gente pode ver uma coisa pela primeira vez e achá-la esquisitíssima. Mas depois de um tempo convivendo com ela, não vamos achar mais tão esquisito assim.
Sou totalmente leiga no assunto ciência-genética-medicina ou sei lá que área é essa, mas meu feeling (que costuma funcionar) me diz que essa é uma característica que vem conosco desde os primórdios da nossa existência, uma questão de defesa do ser humano mesmo.
Deve ser por isso que os brasileiros não se revoltam mais com o fato de ter gente morrendo a tiros toda hora, vítimas da violência gratuita. Também deve ser por isso que, durante a guerra, milhares de pessoas viveram em porões e estações de metrô, em condições sub-humanas, e sobreviveram. E também deve ser por isso que estou quase começando a achar as Crocs bonitinhas (socorro). O ser humano se acostuma, e se adapta, a (quase) todas as situações.

E Amsterdam é a prova disso. Cidade liberal, promíscua, sexual. E também linda, civilizada, com seus canais e bicicletas.
É uma cidade que pode chocar à primeira vista, pra cinco minutos depois te ensinar a se sentir à vontade.

Sex-shops em seqüência por ruas e mais ruas próximas ao distrito do red light. Um monte de gente entrando e saindo sem a menor cerimônia.
Dois quarteirões depois, você se pega entrando em um também. Afinal, isso é programa típico. Em Roma, como os romanos (e neste caso, bastante influenciado por Bacco).
Sé é que existe algum tipo de estereótipo de freqüentador de sex-shop, definitivamente não é ele que você vai encontrar em um de Amsterdam. Grupos de mocinhas curiosas, casais discretos, senhores e senhoras de idade, todos analisando as prateleiras e seus apetrechos como se estivessem diante de uma prateleira de sapatos. Ou qualquer outra coisa bem comum e rotineira.
E você, de repente, se pega olhando para um objeto assustadoramente enorme sem ao menos ficar vermelho. E o cara do seu lado escolhe um deles, pega e leva pro caixa, e você nem acha aquilo estranho.

Refletindo sobre isso, cheguei à conclusão de que o red light district é fichinha perto dos sex-shops e coffee-shops (que são a mesma coisa, mas na versão drogas ao invés de apetrechos sexuais). Depois disso, nem vale a pena escrever sobre as moçoilas de lingerie nas vitrines. O interessante é ver gente comum participando do incomum, isso sim.

O que Amsterdam é, na verdade, é um balde de realidade jogada na sua cara. Tudo o que existe em qualquer cidade, em qualquer país do mundo, mas de forma escancarada e sem vergonha. Se isso faz as pessoas que moram lá perderem mais o rumo do que nas cidades onde isso tudo é proibido? Acho que não. Quem faz, faz em qualquer lugar, proibido ou não. Aliás, o fato de ser tudo tão aberto me deu a sensação de uma consciência muito maior.

Se eu levaria meus filhos pequenos para passear no red light, como vi muitos pais fazendo? Não.
Ainda acho que tem tempo certo para descobrirmos a nossa capacidade de nos acostumar com tudo.
E, onde a realidade é tão escancarada assim, a inocência vale ouro.
Ainda bem que tem os canais e as bicicletas para fazerem a gente sonhar.



Tuesday, May 29, 2007

Amsterdam - primeiro capítulo

Amsterdam foi uma viagem de 3 dias que rendeu 300 histórias. Por isso vou tentar me controlar e escrever aos poucos aqui, cada parte de uma vez, pra tentar contar todas as coisas bacanas que nos aconteceram.

Tudo começou na sexta-feira à noite. O plano inicial era dormir cedo, acordar (muito) cedo e ir para o aeroporto, já que o avião estava programado para decolar as 6:30 da manhã.

A gente esqueceu que não tem carro e que depende do transporte-público-da-madrugada.
Quando fizemos as contas de que horas precisávamos sair de casa, pra andar até o ponto de ônibus, esperar por ele, ir até a estação de trem, pegar o trem e ir até o aeroporto, chegamos à conclusão de que tínhamos aproximadamente 1 hora pra arrumar as malas, deixar a casa em ordem e sair. Nada de dormir.

Às 2 da manhã conseguimos sair de casa, puxando nossas malinhas (acreditem, eu CONSEGUI fazer uma malinha tão pequena que fiquei uma meia hora admirando. Também por isso nos atrasamos). Chegamos no ponto de ônibus, que fica quase na esquina da nossa rua com uma das ruas principais do bairro, em baixo de um viaduto. Acreditem, não é o lugar mais família do mundo pra se ir numa sexta-feira de madrugada. Ao nosso lado, um casal - ele árabe e ela metade-indiana-metade-mulata, também de malinha na mão. Um inglês do outro lado da rua começou a chutar um outro cara, o maior barraco. O árabe do nosso lado abraçou a namorada e chegou mais perto da gente. Alguns minutos depois, parou um carro (uma mercedes, se não me engano) na nossa frente. O cara desceu e começou a fazer xixi na roda. A centímetros de nós. O árabe começou a expressar sua revolta e repetir que o cara era disgusting, disgusting. Começamos a bater papo com ele, comentando como as pessoas são mal-educadas e o papo foi embora, já que o ônibus não chegava. Ele contou pra gente que nasceu na Somalia e cresceu em algum lugar árabe que não consegui de jeito nenhum entender o nome. Ele era de uma educação e de um respeito com a namorada que me despertaram uma admiração profunda já nos primeiros minutos de conversa. Quem ia viajar era ela, que na verdade era holandesa e estava indo pro casamento da prima na Noruega.
Vira e mexe acontece isso aqui em Londres: tudo ao contrário, pra derrubar os pré-julgamentos e fazer a gente aprender que ser humano é ser humano, não importa a cara que tenha, e o que o caráter é outra coisa que não tem nada a ver com isso. Adoro. É ótimo se surpreender com as pessoas e descobrir belezas onde nem imaginávamos.
O árabe acabou me dando um monte de nomes de agências de emprego, porque a essa altura já estávamos no maior papo contando toda a nossa saga aqui em Londres, procura de emprego e etc, até que o ônibus chegou. Ele esperou a gente e a namorada dele entrarmos no ônibus e ficou dando tchauzinho. Um fofo.

Claro que a história não podia terminar aí. Depois de 1 hora de ônibus e 352 paradas, chegamos na estação de trem. E não tinha trem. Eram umas 3 e meia da manhã. Saímos vagando pela rua tentando achar o terminal rodoviário - era nossa última esperança de achar transporte pro aeroporto a tempo de pegar o avião. E não é que, no meio do nada, na rua, damos de cara com o EasyJet Express? EasyJet é a companhia aérea com a qual compramos as passagens. E o ônibus estava indo direto pro aeroporto. Londres também é meio mágica às vezes, quando você acha que se perdeu, aparece um ônibus indo exatamente para onde você quer. E não foi a primeira vez e nem só com a gente que isso aconteceu!

Sono. Muito sono. Parecia que eu tinha acabado de começar a cochilar quando , depois de mais de uma hora de viagem, chegamos no aeroporto. E, pela primeira vez na vida, eu conheci o fog londrino. Mas não vale, eram 5 da manhã e essa hora tem fog em qualquer lugar. Tanto frio que eu duvidei que estávamos entrando no verão.

O aeroporto não deixava a desejar pra congonhas em dia de crise aérea. Em plena madrugada, milhares de caras sonolentas esperando pra fazer check-in, aproveitando as tarifas baixíssimas dos vôos entre cidades da europa, fugindo da cidade grande em busca do solzinho de começo de verão europeu. Tirando Amsterdam e Istambul, o resto era só Palma, Ibiza e adjacências. Todo mundo de havaianas em pleno fog da madrugada, 10 graus centigrados. Europeu é um povo engraçado mesmo... e a gente de casacão e cachecol ;-)

Sono, muito sono... mas muita coisa ainda estava por vir!