Monday, June 09, 2008

Do individual para o coletivo

Em 27 de março eu coloquei aqui no blog um link para uma crítica que eu escrevi sobre um texto do Marinho, colunista do Bluebus. O texto falava de uma forma bem elitista de uma promoção da Lacta de ovos de páscoa. Mas não importa. O mesmo Marinho publicou hoje um texto super interessante sobre tendências - e que tendências - descobertas por uma pesquisa da Mastercard. Segue mais ou menos a mesma linha do que eu fico falando aqui no blog, essa tendência "do bem", maior do que de cores, de marcas, de produtos, mas sim de um comportamento em geral das pessoas que vai em breve direcionar as campanhas de marketing, as criações de novos produtos, a organização das cidades e estrutura do planeta. O Marinho colocou isso como uma tendência de se passar a pensar e a agir coletivamente, e não mais individualmente. Talvez essa seja mesmo a raiz da coisa, a essência que eu estava procurando, pois dela surgem outras infinitas vertentes de atitudes positivas.

Aqui, o texto original, e abaixo, pros preguiçosos ;-)

"Marinho | Sociedade individualista começa a pensar no coletivo
11:19
A campanha 'Priceless', criada há 11 anos pela McCann de Nova Iorque, já faz parte da história da propaganda, em minha opiniao - leia aqui coluna anterior sobre o tema (23/4). O que nem todo mundo sabe é que para chegar às coisas que o dinheiro nao compra (para todas as outras existe MasterCard, lembra?) foi feita uma pesquisa interessantíssima, com o objetivo de descobrir o que realmente importa na vida das pessoas - os tais momentos que nao tem preço. Na 6a feira conversei com Cristina Paslar, diretora de marketing da MasterCard, que me contou os resultados da última onda dessa pesquisa, chamada 'What Matters' (O que importa). De acordo com a Cristina, o estudo apontou 3 tendências principais - a busca pelo aprendizado contínuo, a redefiniçao da idéia de futuro e a mudança do eixo do 'Eu' para o 'Nós'.

-A pesquisa mostrou que, como consequência das exigências do mundo atual, as pessoas incorporaram de vez a idéia de que o aprendizado tem data para começar (e começa cada vez mais cedo, muitas vezes a partir de 1 ano de idade) mas nao para acabar. A classe média e os brasileiros de baixa renda almejam alcançar a universidade ou proporcionar isso aos seus filhos, enquanto a elite coleciona MBAs e cursos de extensao, na tentativa de facilitar a trajetória profissional. Isso inclui também fontes de conhecimento informais, tais como viagens, exposiçoes e leituras. Uma vertente desse movimento compreende ainda a busca pelo autoconhecimento e o equilíbrio pessoal.

-Mas se o presente é marcado pela ferrenha competiçao por um lugar ao sol e pela compensaçao consumista proporcionada pelas marcas e produtos supérfluos, o passado continua sendo idealizado, numa oposiçao que explica o sucesso dos movimentos nostálgicos - pense na volta das bandas jurássicas, dos heróis das nossas velhas histórias em quadrinhos e de personagens como Rocky e Indiana Jones e você compreenderá melhor a abrangência da onda retrô. A novidade fica por conta da idéia de futuro que anda frequentando as cabeças dos passageiros dessa nave desgovernada chamada Terra. O consumo, que hoje define essa nossa sociedade do excesso, começa a ser questionado e conceitos como equilíbrio, sustentabilidade e responsabilidade social já encontram espaço em coraçoes e mentes brasileiras.

-De todas as tendências, porém, a que mais me interessou foi a migraçao do pensamento individual para o coletivo. Especialmente porque o que se vê por aí é justamente o contrário - fartas manifestaçoes de narcisismo, materialismo e individualismo, principalmente entre os jovens. A pesquisa detectou, entretanto, o início de esgotamento desse estilo de vida feérico e estressante que caracteriza a sociedade moderna. As pessoas estariam progressivamente percebendo que o sacrifício de permanecer conectados, atualizados e multi atarefados 24 horas por dia, 7 dias por semana, nao está trazendo os retornos esperados e se perguntam aonde isso tudo as estaria levando. Afinal, sem tempo para cuidar de si mesmo, esse pessoal sente que seus sonhos e ideais estariam em suspenso. Daí viria a disposiçao de olhar com mais atençao para a família, os amigos, o prédio, o bairro, o país e o planeta.

-Saí do encontro com a Cristina Paslar pensando - ver a sociedade finalmente descobrir que a felicidade pessoal nao pode ser completa se as pessoas em volta nao estiverem também felizes, isso sim nao tem preço.
Luiz Alberto Marinho"

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