Monday, April 14, 2008

Só pra finalizar

Com um pouquinho de atraso, talvez com o timing um pouco vencido, gostaria de publicar um outro e-mail que recebi sobre o assunto saúde, da Paula. É um contraponto interessante ao do Marcos, sem discordar, apenas desenvolvendo um pouquinho mais a questão e mostrando o ponto de vista de outro setor relacionado (a Paula é engenheira de alimentos). Ah. E eu concordo com todos. E estou adorando essa participação e principalmente ver que tem sim, gente pensando com carinho no Brasil.

Segue o email, que eu não quis editar apesar de longo. Tenham paciência e leiam, prometo que é o último ;-)

"Concordo quando se estabelece a relação entre o custo de um número num fast food ao salário médio brasileiro e o americano. Aqui, $5 a $10 dólares compra pouca comida boa, mas muita comida gorda e ruim, o que acaba atraindo pessoas que não recebem um salário muito alto e tem que se alimentar de coisas mais calóricas para poder fazer um trabalho árduo durante o dia. Ao contrário, R$10 no McDonalds é luxo no Brasil.

Mas não acho que, mesmo hipoteticamente, o aumento ao acesso a esse tipo de produto como consequência do aumento de renda faria com que a nossa população engordasse mais e pudesse ter acesso às academias com convênios. Hoje nós já temos uma grande parcela da população no Brasil que está (bem) acima do peso. Infelizmente, grande parte dela também é a que se encaixa nos problemas citados como doenças cardíacas e câncer, simplesmente porque uma giga parte da nossa população não tem acesso a informação.

Muitas bolachas e biscoitos são enriquecidos não somente para atrair mães com consciência das necessidades das suas crianças, mas porque muitas pessoas pobres se alimentam dessas bolachas, que ainda são mais baratas e práticas do que um prato de comida. No boom das gorduras trans, as empresas de alimentos correram que nem doidas atrás de alternativas para o problema, mas não adianta. Muita gente que compra não faz a menor idéia do que eram as trans e continuariam comprando do mesmo jeito. Porque é gostoso, prático, não demanda tempo e é barato.

E mesmo com a justificativa que eu li, ainda acho que o movimento pró convênio entre academias e planos de saúde funcionaria, pois é só pensar quais planos de saúde teriam esses convênios. O número de beneficiários de planos de saúde é muito pequeno em relação a população total, ou seja, são as pessoas que tem dinheiro para Mc, frutas, cozinheiras e academia que usam plano de saúde. Entretanto, isso não elimina o benefício dos planos incentivarem hábitos saudáveis, já que economizariam dinheiro. Aliás, já o fazem pagando exames preventivos e check ups.

Eu já trabalhei em indústria e acho que esses planos com convênios não teriam grande apelo para seus funcionários menos graduados, pois qual a vantagem de ter um desconto em academia para um funcionário que exerce um trabalho braçal durante o dia todo? Somente profissionais que ficam sentados durante seu trabalho, na frente do computador, com um grande trabalho intelectual se interessariam por esse tipo de serviço. E quem são essas pessoas? Nós.

Mais um vez enfrentamos o grande problema da diferença social, em que conseguimos concluir que excluindo uma parcela da população, algo que funciona por aí, também funcionaria no Brasil. (suspiro)... será que um dia isso muda?"

Thanks Py e Marcos, acho que vou contratar vocês pra um blog-fórum de discussão!

1 comment:

π said...

obrigada! é com muitas e muitas opiniões que a gente aprende mais e mais.
bjão!