Friday, July 25, 2008

Alguém explica?

Sexta-feira de manhã e eu, gripada, levantei cedo para esperar minha amiga que está chegando em Londres vindo da Alemanha.

Nada de bom na TV, o livro não empolga, resolvo ler as notícias na internet. São sempre os mesmos que eu olho pra ter uma idéia geral do que está acontecendo pelo Brasil: Uol, Terra, Estadão.

Já tinha lido todas as chamadas mais importantes mas nada da amiga chegar, e então eu vejo uma chamada no Terra TV sobre Paris. Interessante. Mas assim que eu cliquei na chamada, fui direcionada para uma tela vermelha com a seguinte mensagem, em três línguas: "Conteúdo restrito - você está fora do Brasil e por isso não tem acesso a esse conteúdo".

???

Poxa, não é porque eu estou em outro país que sou leitora menos imporante do site. Estou me sentindo como se fosse uma traidora da nação, uma exilada, sem direito às notícias do Brasil (o fato de que eu estava tentando ver um vídeo sobre Paris é apenas um detalhe).

É como se algum leitor de alguma revista tentasse fazer uma assinatura para recebê-la fora do território nacional e escutasse como resposta "não, você está fora do Brasil e não têm mais direito a ler esta revista".

Será que existe algum impedimento técnico ou é só falta de consideração com os leitores distantes mesmo?

Tuesday, July 22, 2008

Haja coragem

É aqui que estou


(foto tirada ontem do estacionamento do Sainsburys em Londres. Esse supermercado está no centro da cidade - e eram umas 10 da noite quando a foto foi tirada.)


E é pra lá que eu vou


(foto tirada ontem em São Paulo)

Monday, July 21, 2008

Isso é incrível

Acabei de voltar do supermercado.

Lembrei de uma coisa que eu estou pra escrever aqui há tempos.

O meu supermercado dá pontos se eu levo as minhas sacolas para reutilizar. Mas o mais interessante é que as sacolas são do concorrente, e eu ganho pontos assim mesmo.

Só um P.S.

... Muito triste ver nossas coisinhas à venda!!!!

:-S

Família vende tudo

Numa cópia descarada da Paula e do Felipe, que se mudam daqui a pouco da Califórnia para NY e estão vendendo seus partences, resolvemos fazer um blog para anunciar nossas preciosidades também.
Não é porque estamos vendendo não, mas é uma idéia brilhante: a gente não precisa perder um monte de dinheiro só porque está mudando, as pessoas que estão chegando podem mobiliar suas casas gastando muito menos e, principalmente, tudo se reaproveita.

Se alguém aí estiver de mudança pra Londres ou conhecer gente em Londres pra quem possa espalhar o blog, aqui está: Moving Sale London.

O mesmo vale pra Califórnia, lá já tem o link pro moving sale deles. E se você estiver mudando e vendendo as suas coisas... faz um blog que a gente linka!

Wednesday, July 16, 2008

Único pedido

Papai do céu,
Por favor, por favor, por favor, faça com que o frio que está fazendo no Brasil continue até dezembro. Não. Até janeiro.
Liberte-me da tortura de morrer de calor aos nove meses de gravidez.
Eu sei que pedi muito pelo calor.
Mas é que agora não quero mais usar regata.
Obrigada.

Tuesday, July 15, 2008

Balanço

O que quero levar pro Brasil de qualquer jeito:

- Minha casa.
- Meu bairro.
- Os ônibus de 2 andares.
- O corredor de chocolates do Sainsburys.
- Todos os supermercadinhos fofos de orgânicos.
- Todas as lojas de cosméticos, e também as seções de cosméticos das lojinhas fofas.
- A Selfridge's inteira.
- As calçadas pra eu caminhar, os ônibus e metrôs pra eu não precisar de carro, os parques pra eu continuar vendo o céu.
- A Gap. Mas se não der pra levá-la inteira, eu fico feliz só com a seção de grávidas.
- Os musicais.
- O rio, ah, o rio. Com suas águas limpas, pontes centenárias... ah, o rio.
- Os preços das passagens aéreas pro resto da europa.
- O trem pra Paris.


O que eu mal posso esperar pra ter de volta:

- Minha família, ai que saudade.
- Meus amigos, ai que saudade.
- A comidinha de casa, o bolinho de arroz da Ví, as frutas, hummmm as frutas.
- O que me faz lembrar das mangas de Guaecá. Ai meu Deus.
- Guaecá.
- Praia.
- Sol (o de verdade, que esquenta e bronzeia).
- Andar descalça na grama.
- Andar de havaianas na cidade (sem sentir frio nos dedinhos do pé).
- Cinema. Por algum motivo obscuro a gente não vai quase nunca aqui e ia todo fim de semana no Brasil.
- Férias. É, pela primeira vez na vida terei looongas férias remuneradas. E viva a licença-maternidade européia!
- Online banking brasileiro. Apesar do nome gringo, é infinitamente mais evolúido na terrinha.
- Cabelereiro. Manicure. Pedicure. Massagem.
- Churrasco + sambão. (Dá pra acreditar, vindo de uma semi-vegetariana fã de rock?)
- O céu azul, apesar de os prédios de São Paulo não deixarem a gente ver direito.
- Comer fora.
- Gibi da turma da Mônica.

Update - COMO FOI que eu fui me esquecer disso???:

- Restaurante japonês bom e acessível.
- Palmito!!! (thanks, Marys!)
- O BÓRIS!!!!

Começou a despedida

SIM, eu sou dramática. E como boa dramática, começou a choradeira. Faltam menos de dois meses para irmos pro Brasil. E desta vez, pra ficar, sem Londres esperando a gente quando as férias acabarem.

Eu sei, eu sei. Quantas vezes repeti que nada superava o Brasil, com seu sol, seu clima e suas pessoas. E continuo achando isso. Mas é que é difícil se despedir de uma cidade linda, na qual passamos 1 ano e meio com um balanço bastante positivo. Bom, o fato de ser verão por aqui também ajuda a doer um pouquinho mais (se fosse inverno eu já teria adiantado a passagem).

Saber que estou indo embora está me dando uma visão diferente de tudo. Aliás, engraçado pensar nas tantas formas com que já enxerguei esta cidade.

Ontem foi uma noite especial. Nosso primeiro aniversário de casamento e fizemos um programa delicioso e bem londrino. Antes de me encontrar no final da tarde, o Ricardo passou no Whole Foods Market - um supermercado só de orgânicos - e comprou dois sanduichões e duas sobremesas. Colocou na sacola térmica, seguiu viagem pelo ônibus que circunda o Hyde Park e desceu aqui na Park Lane pra me encontrar na Embaixada.
Fomos juntos pro parque, alugamos duas espreguiçadeiras, abrimos nossos sanduíches e jantamos com os pés descalços na grama, o maior solzão das 7 da noite e circundados por famílias, grupos de amigos e solitários em geral que tiveram a mesma idéia.

Terminado o jantar, lá vamos nós pro metrô - algumas estações e já estávamos em Piccadilly, com suas hordas de turistas, seus teatros, sua vida que não pára. A peça a que fomos assistir vocês já sabem, está no post anterior.
Saindo do teatro, ainda fomos tomar um sorvete na Leicester Square. Pra quem não conhece, essa é a praça do cinema de Londres, com as mãos dos famosos estampadas nas calçadas e onde acontecem as premiéres dos principais filmes. Por que é que eu só fui descobrir que essa praça fica lotada de gente até mesmo às segundas-feiras tarde da noite? Teria me salvado de muitos fins de tarde tediosos.
Acho que de tão turístico, o programa me fez ter uma sensação de aproveitar a cidade como se eu estivesse de férias, sem compromisso, sem problemas. Curtindo Londres de uma forma diferente.
Tá aí. Acho que fingir umas férias no meio da rotina, mesmo que na cidade onde vivemos, dá um gostinho mais doce na vida.

Entramos no ônibus pra voltar pra casa, o ônibus preferido, o 23. Ele saiu de Piccadilly, passou pela Regent Street com suas construções imponentes. Lembro que a primeira vez que fiz esse caminho fiquei impressionada por essa rua iluminada à noite, suas lojas chiques, suas fachadas centenárias. Depois Oxford Street, o cantinho do Marble Arch que virou meu cantinho tão conhecido, por onde passo um monte de vezes todos os dias, a esquina mais conhecida de Londres pra mim. O Hyde Park, a Edgware Road forrada de mesas nas calçadas, mulheres de burka e letreiros indecifráveis.
E então Notting Hill, com suas casinhas chiques, seus jardins, seu clima de bairro tranquilo e descontraído...

Isso tudo já faz tanta parte de mim que vai ser muito estranho pegar o avião pra não voltar mais a fazer esse caminho.
Acho que um dia vou voltar pra Londres, pegar o 23 e chegar em Ladbroke Grove só pra relembrar. São essas lembranças, e não a do Big Ben, que vão ficar.

Mas enquanto isso, enquanto ainda estou aqui, vou sair pra almoçar, passar pelo cantinho do Marble Arch, pegar meu sanduíche e quem sabe comer no Hyde Park, sem pensar no que vou perder e nem no que me espera, apenas no que acontece agora. Usar toda essa emoção para o presente, não pensar em passado nem futuro. A vida é agora, agora ainda é Londres, e o Brasil será muito bem-vindo quando chegar de novo na minha vida.
Mas pode esperar mais um pouquinho.

Monday, July 14, 2008

MAMMA MIA!

Tá aí um exemplo de peça montada em cima de músicas que deu certo. Depois do fracasso de "We will rock you" (com músicas do Queen), Mamma Mia, com trilha sonora 100% Abba, foi um sucesso.

Pra quem quer assistir a um musical leve, engraçadinho e com altíssimo astral, é perfeito. Era exatamente o que eu queria. Pensamentos demais na cabeça, eu só queria relaxar e levantar o astral. E que astral, como o Abba tem música boa!

Como os clipes originais deles são meio deprês e ver vídeo de musical sem estar no musical também é, dêem uma olhada no trailer do filme - pois é, o musical é tão bacana que adaptaram pro cinema. O filme está sendo lançado agora por aqui e já está fazendo o maior sucesso.



E pra completar o clima, escutem aí:

- Mamma Mia
- Chiquitita
- Dancing Queen
- Gimme! Gimme! Gimme!
- S.O.S.

Ou então, comprem o soundtrack completo da peça aqui.

Wednesday, July 09, 2008

O que andam falando por aqui...

... da mídia brasileira.

Engraçado como até aqui o assunto é discutido com clareza e sensatez, mas no Brasil as pessoas parecem continuar ignorando o que está acontecendo.

Um minuto de silêncio pela falta de liberdade de expressão.

(Texto abaixo retirado do blog do Guardian: http://blogs.guardian.co.uk/greenslade/2008/07/brazil_facing_twin_threat_to_m.html)

Brazil facing twin threat to media
July 9, 2008 12:27 PM

Brazil's media giant Organizacoes Globo may be on the verge of getting bigger still. According to an AP report, it is considering buying Group Estado, owner of the country's second-largest newspaper, Estado de S. Paulo.

Globo already controls the nation's largest TV network and a host of radio stations, magazines and newspapers including O Globo Extra and Diaro de S. Paulo.

But, aside from the possibility of greater concentration of ownership, the other problem facing the Brazilian media is a growing threat to freedom of expression. A São Paulo newspaper, Jornal da Tarde has been forbidden by a federal judge from publishing a report about an official investigation into alleged financial irregularities by a doctors' organisation. The reporter was still working on the story when the president of the doctors' institution applied to the court for an injunction.

The paper's editor-in-chief, Claudia Belfort, regards it as a form of judicial censorship, arguing that it is an unconstitutional decision. She and her lawyers are preparing an appeal.

Three weeks ago, another judge imposed a fine on the three of Brazil's leading media outlets - O Estado de São Paulo, Veja Magazine and Folha de São Paulo - because they published interviews with candidates in a forthcoming election.

The judge considered them to be advertisements, which are not allowed for a set period before an election. As a senior journalist remarked, the judge did not appear to know the difference between journalism and advertisement.

Some editors are arguing that the censorship of 40 years ago, when the country was under military dictatorship, is returning, not least due to a lack of judicial knowledge.

Tuesday, July 08, 2008

Agora somos três




Eu sei que estou devendo uma manifestação oficial sobre meu estado interessante.

Ensaiei esse texto tantas vezes mas nada me parecia suficiente para transmitir o tamanho e importância da novidade, a adrenalina, a felicidade, o medo, enfim, o furacão de emoções que se instalou por aqui.

Estou grávida. Tem uma mini-pessoinha crescendo dentro de mim e eu a conheci na semana passada. Ela é linda (é sim, não discutam, já deu pra ver) e agitadíssima. Ela, a pessoinha, ou ele, o bebê, porque ainda não sabemos nem saberemos tão cedo se teremos uma menina para eu encher de roupinhas fashion ou um menino pra fazer companhia pro pai nos jogos de futebol.

Estar grávida é uma loucura indescritível. Mas acho que hoje, falando com a minha amiga, eu consegui resumir bem o que está acontecendo.

Imaginem a pior das TPMs. Agora a elevem por 1.000.

Isso é estar grávida.

Já deve ser bem difícil em condições normais de temperatura e pressão. Mas juntem isso a uma mudança de país no meio da história toda, com visitas diversas - muito queridas, vejam bem - dormindo na sua sala por um mês (a culpa é da casa que não tem quarto extra, e não das pobres visitas que estão vindo alegrar nossa rotina), um trabalho (ok, um chefe) que te enlouquece e um marido estudante na pressão das provas e trabalhos finais e procurando emprego ao mesmo tempo.

Deu pra imaginar?

Mas é pior. É tudo isso sem poder beber e tendo repentinamente parado completamente de fumar.

E sem comida japonesa também.

:-S

Se vocês estão pensando "coitado do Ricardo", vocês estão certos. E se vocês estão pensando que eu estou detestando estar grávida, vocês estão muito errados. É difícil, e provavelmente está sendo mais difícil pra mim, a pessoa dramática, exagerada e intensa que vocês bem conhecem. Minha intenção não é apavorar ninguém, muito pelo contrário. Porque o mais maluco disso tudo é que, mesmo assim, tudo isso desaparece quando você vê a imagem do seu filho na tela do ultrassom, se mexendo, virando de costas, chupando o dedinho. Você fica absolutamente mudo e encantado diante desse milagre que é, de repente, estar criando uma nova vida. E se apaixona tanto que não se importa de passar por isso, e mais até, quantas vezes forem necessárias. Aw, que fofa que eu sou.




(Mas o parto, ah, o parto... isso sim está tirando o meu sono).

Monday, July 07, 2008

Sobre os ovos das galinhas soltas (ou os famosos free range eggs)



A primeira vez que eu ouvi falar disso, confesso que achei uma grande frescura. De fato, não deixa de ser uma preocupação-de-país-que-não-tem-nada-mais-grave-com-que-se-preocupar. Esse assunto inclusive já foi tema de post aqui (vide "A lavagem cerebral inglesa").
Mas como já dito, meia hora depois de programa, eu já estava convencidíssima de que sim, o mundo deveria parar de fabricar ovos de forma cruel, com galinhas amontoadas em gaiolas superlotadas sem poder ter direito ao mínimo de dignidade e alegria em suas vidinhas.
Eu não tenho o mesmo poder de persuasão e argumentação que os produtores desses programas certamente têm de sobra, mas eu garanto pra vocês que uma produção de ovos com galinhas livres, leves, soltas e felizes contribui sim para um mundo melhor. Não sei direito como, mas essa coisa de termos granjas menos industriais, gramados, tudo isso influencia de forma inconsciente a mentalidade das pessoas. As gerações futuras têm que saber o que é pisar descalço na grama, colher ovos de galinha, correr atrás de galo.

E uma das provas de que eu tenho razão e de que deve haver alguma explicação mais racional do que a minha para isso é essa: a Hellmann's acabou de anunciar que toda a sua produção de maionese no Reino Unido utiliza ovos free range, ou seja, de galinhas livres para (quase) voar.

Imaginem quantas galinhas essa atitude está salvando da crueldade. Viva as galinhas soltas!

Agora só falta a gente achar um jeito de os humanos viverem de forma free range também.