Monday, April 14, 2008

45 dias em imagens


Tudo começou quando a reforma do banheiro, que duraria 4 dias, durou 20. Pelo menos conhecemos uma nova vizinhança e nos lembramos da sensação de estar nas alturas, quando ficamos na casa do senhorio (vulgo landlord) enquanto os pedreiros sumiam com nossos utensílios culinários e o responsável esquiava na Suíça.


Acampada na casa alheia, aconteceu o meu primeiro grande evento do ano, justo nas lendárias Casas do Parlamento Londrinas. E lá fui eu uma noite antes pegar vestido, meia calça e casaco no armário-trancado-pra-proteger-do-pó da reforma em casa, voltando pra casa temporária a pé carregando as tralhas pro evento do dia seguinte. Sem contar as bexigas e presentes do aniversário do Ric, que seria um dia depois do evento. Toda uma logística.


A reforma terminou just on time para começarmos a receber nossas visitas. Primeiro veio o James, depois de uma temporada de estudos em Florença. Dessa vez o tchau foi sério, e ele voltou pro Canadá pra ficar. E a saudade já tá dando umas pontadinhas no coração.


Em pleno caos ganhei ingressos para o amistoso Brasil x Suécia no estádio do Arsenal. Não só o jogo foi amistoso (até demais) como a torcida também. Legal ver com os próprios olhos que dá pra juntar 60.000 pessoas em um evento bem-organizado e bonito.


James sai, pais entram. E junto com eles a primavera mais fajuta da história. E nós vimos neve da janela do quarto, tingindo de branco os jardins e telhados.


E eu me emocionei, briguei, fiz as pazes, abracei, chorei de alegria e de saudade com meus amados e lindos pais aqui comigo.

Ufa.

Só pra finalizar

Com um pouquinho de atraso, talvez com o timing um pouco vencido, gostaria de publicar um outro e-mail que recebi sobre o assunto saúde, da Paula. É um contraponto interessante ao do Marcos, sem discordar, apenas desenvolvendo um pouquinho mais a questão e mostrando o ponto de vista de outro setor relacionado (a Paula é engenheira de alimentos). Ah. E eu concordo com todos. E estou adorando essa participação e principalmente ver que tem sim, gente pensando com carinho no Brasil.

Segue o email, que eu não quis editar apesar de longo. Tenham paciência e leiam, prometo que é o último ;-)

"Concordo quando se estabelece a relação entre o custo de um número num fast food ao salário médio brasileiro e o americano. Aqui, $5 a $10 dólares compra pouca comida boa, mas muita comida gorda e ruim, o que acaba atraindo pessoas que não recebem um salário muito alto e tem que se alimentar de coisas mais calóricas para poder fazer um trabalho árduo durante o dia. Ao contrário, R$10 no McDonalds é luxo no Brasil.

Mas não acho que, mesmo hipoteticamente, o aumento ao acesso a esse tipo de produto como consequência do aumento de renda faria com que a nossa população engordasse mais e pudesse ter acesso às academias com convênios. Hoje nós já temos uma grande parcela da população no Brasil que está (bem) acima do peso. Infelizmente, grande parte dela também é a que se encaixa nos problemas citados como doenças cardíacas e câncer, simplesmente porque uma giga parte da nossa população não tem acesso a informação.

Muitas bolachas e biscoitos são enriquecidos não somente para atrair mães com consciência das necessidades das suas crianças, mas porque muitas pessoas pobres se alimentam dessas bolachas, que ainda são mais baratas e práticas do que um prato de comida. No boom das gorduras trans, as empresas de alimentos correram que nem doidas atrás de alternativas para o problema, mas não adianta. Muita gente que compra não faz a menor idéia do que eram as trans e continuariam comprando do mesmo jeito. Porque é gostoso, prático, não demanda tempo e é barato.

E mesmo com a justificativa que eu li, ainda acho que o movimento pró convênio entre academias e planos de saúde funcionaria, pois é só pensar quais planos de saúde teriam esses convênios. O número de beneficiários de planos de saúde é muito pequeno em relação a população total, ou seja, são as pessoas que tem dinheiro para Mc, frutas, cozinheiras e academia que usam plano de saúde. Entretanto, isso não elimina o benefício dos planos incentivarem hábitos saudáveis, já que economizariam dinheiro. Aliás, já o fazem pagando exames preventivos e check ups.

Eu já trabalhei em indústria e acho que esses planos com convênios não teriam grande apelo para seus funcionários menos graduados, pois qual a vantagem de ter um desconto em academia para um funcionário que exerce um trabalho braçal durante o dia todo? Somente profissionais que ficam sentados durante seu trabalho, na frente do computador, com um grande trabalho intelectual se interessariam por esse tipo de serviço. E quem são essas pessoas? Nós.

Mais um vez enfrentamos o grande problema da diferença social, em que conseguimos concluir que excluindo uma parcela da população, algo que funciona por aí, também funcionaria no Brasil. (suspiro)... será que um dia isso muda?"

Thanks Py e Marcos, acho que vou contratar vocês pra um blog-fórum de discussão!

Wednesday, April 09, 2008

A saúde no Brasil

Esse foi o e-mail que recebi do Marcos, de uma seguradora da área de saúde, em resposta ao meu post, abaixo, sobre a nova geração de planos de saúde que está crescendo por aqui.

Achei o texto do Marcos super esclarecedor e porque não, um ótimo tema para reflexão não só sobre a saúde em si mas sobre o permanante lugar que o Brasil ocupa sempre um passo atrás de outros países. Mas neste caso, é um lugar atrás que poderia, num golpe de mestre, virar na frente. Explico: de acordo com o e-mail do Marcos, em termos gerais, a saúde no Brasil é melhor do que nos países desenvolvidos porque o Brasil é mais pobre e a renda das pessoas não permite chocolate e fast-food. Quando os países ficam ricos, as pessoas ficam gordas, e planos de saúde geniais aparecem. O caminho natural do Brasil seria enriquecer, engordar, e depois criar planos de saúde geniais para emagracer todo mundo e chegar no ideal do país rico e saudável, provavelmente 15 ou 20 anos depois de os países desenvolvidos terem alcançado isso. Então, por que não, com essa previsão em mãos, enriquecer e educar ao mesmo tempo, pular uma etapa e finalmente deixar de estar sempre para trás?

Segue o texto.

"Aqui o pessoal começou a desenvolver planos neste sentido. Essas ideias simpáticas vieram todas de um livro que todo o setor de saúde no mundo usa e se chama "Redefining Healthcare" do Porter.

Esse tipo de ação é muito boa mesmo, porém os incentivos para a adoção delas no Brasil ainda são muito baixos.
Em especial no Reino Unido uma parcela substancial das "medical claims" estão relacionadas à procedimentos complexidade média e doenças diretamente causadas pelo estilo de vida da população. A exemplo da obesidade e alcoolismo que acarretam em doenças cardíacas, diabetes e algumas formas de câncer.

Aqui em território tupiniquim a maioria de nossas "Claims" estão relacionadas à catarata, câncer de mama, doenças pulmonares e eventos em pronto-socorro.

Por incrível que pareça a dieta brasileira e nossas praticas sociais propiciam um estilo de vida mais saudável. Mas com a evolução do perfil sócioeconomico e aumento da renda, é bem provável que em cinco anos nossos perfil de atendimento médico se assemelhe mais ao dos britânicos.

Outra coisa que os britânicos fazem que é bem legal, e inclusive alguns MP's estão tentado impor via lei, é a passagem periódica e obrigatória das pessoas em seus General Practitioners para a identificação de patologias em estágios iniciais assim como "assessing probable health risks".

...

Ele (o setor de saúde) se assemelha mais ao modelo de negócio de seguradoras, ou seja, todos os incentivos a mudanças e inovações estão relacionados à quantificação de probabilidades de ocorrência de determinados eventos.
Então usando aquela lógica do "Freakonomics" para termos academias subsidiadas por planos de saúde precisamos abrir vários McDonalds, Burger King, Arbys, Starbucks e isentar a Elmma Chips de ICMS, PIS e CONFIS.
Outra coisa que poderia ajudar seria contratar estes fornecedores para fazer a merenda escolar de escolas públicas, lógico que não poderíamos esquecer que colocar vending machines da Coca-cola em todas as escolas.
Aí seria só uma questão de tempo para conseguirmos que mais de 50% da população entre 5-10 anos de idade, 30% entre 10 e 20 anos, e , 40% da população acima dos 30 anos estivessem acima do peso e hipertensas. Deste ponto em diante teremos Cia Athletica e Fórmula a preços próximos dos R$50,00."

Conclusão: esqueçam a academia de graça, vamos deixar assim mesmo como está.

Friday, April 04, 2008

Bom pra todo mundo

É de idéias assim que o mundo - os consumidores e os profissionais - precisam para se entender melhor.
Eu já tinha visto por aqui propaganda de plano de saúde dizendo que dava desconto em academia de ginástica. Achei que fazia sentido, afinal se você se exercita você tem menos chances de ter doenças, portanto o plano acaba gastando menos com você.
Mas acabei nem pesquisando sobre o assunto.
Hoje fui almoçar com uma amiga que é malhação-maníaca e ela me contou que o plano de saúde do marido dela (fornecido pela empresa dele) não só paga pela academia dos dois como vai dando descontos na mensalidade de acordo com o uso da academia. A partir de 2 vezes por semana, já tem desconto. Eu já estava achando o máximo da genialidade quando ela me contou que não pára por aí: ela também acumula pontos no supermercado quando compra frutas e outros produtos benéficos ao organismo, e esses pontos vão se convertendo em mais descontos no plano.
É genial. É do bem. A seguradora economiza, o consumidor economiza, e as pessoas ficam muito mais saudáveis.
Eu só queria entender por que no Brasil, o país do plano de saúde particular, isso ainda não funciona assim. E os planos continuam pagando toneladas de consutas médicas particulares absolutamente substituíveis por uma voltinha de bicicleta ou uma caminhada para o trabalho.

...

Sem contar que ainda ia melhorar o trânsito das cidades, que pelo jeito anda (ou melhor, não anda) bem complicado. Mas é que brasileiro é assim, fica parado horas dentro do carro com medo de assalto mas não vai a pé de jeito nenhum.

Wednesday, April 02, 2008

Brits - post 1

Eu nunca vi um lugar que reunisse melhor e de forma mais fofa todas as características dos ingleses como este livrinho que eu comprei. Vejam através desses posts (vou colocar um ou dois de vez em quando), como esse povo é simpático e porque é que eu gosto cada vez mais deles.

:-)

Brits - post 2



Mas a melhor de todas as características é como eles sabem maravilhosamente rir de si mesmos. (foi um inglês que fez)

Tuesday, April 01, 2008

Ausência por motivos nobres

Meus pais estão aqui. Finalmente, eles estão aqui. Não sei como é a relação das outras pessoas com seus pais - acho que tem de tudo nesse mundo. Mas a minha é uma coisa louca, um cordão umbilical eterno que estica mas não rompe. Quando cheguei em Londres há um ano, não exagero se digo que 90% das coisas que eu via me faziam pensar nos meus pais. Se eu ia numa papelaria bacana - paixão que eu e minha mãe compartilhamos - pensava imediatamente nela. Difícil era não sair comprando tudo pra mandar pra ela, porque a vontade era essa. E toda vez que eu entrava numa mercearia, supermercado, food hall, ou qualquer outra variação do tão universal comércio de comidinhas especiais - paixão que eu e meu pai compartilhamos - era a mesma loucura.
E um ano se passou assim. Com as papelarias, com as comidas, e com todas as outras coisas legais que tem aqui pertencentes às mais diversas categorias de produtos. Eu queria estar dividindo com eles tudo o que estava vendo, conhecendo, sentindo, e que o skype e o msn não me permitiam.
E agora eles estão aqui.
E eu já me esqueci como é viver longe deles, e como é que sou capaz disso durante tantos meses ao ano.