Friday, August 10, 2007

O Museu

Uma das coisas que eu tinha em mente quando vim pra Londres, sabendo que arrumar um trabalho em marketing poderia ser mais demorado e complicado, era trabalhar em um museu. Eu tinha a impressão de que seria um trabalho tranquilo e enriquecedor, se comparado aos trabalhos em loja ou restaurante que a brasileirada aqui faz.

Quando, por acaso, eu encontrei aqui perto de casa um museu lindinho, escondidinho numa rua silenciosa, só de embalagens, marcas e propagandas, achei que estava tendo uma visão. Museu + propaganda numa coisa só!

Fui lá perguntar, na maior cara-de-pau, se estavam com alguma vaga aberta. Como nada é perfeito, não, não tinham vaga. Mas estavam precisando de voluntários. Apesar de eu ter que começar a ganhar dinheiro - é um fato, não seria de todo mau começar a ter contato com pessoas inglesas de verdade (depois da experiência traumática da revista brasileira) e empresas patrocinadoras do museu, além de exercitar o inglês, me ocupar e ter no currículo um trabalho num museu bacana desses.

Então, hoje eu comecei. O museu é lindo, os visitantes saem sorrindo e é, na maior parte do tempo, tranquilo. A minha companheira voluntária de hoje era uma paquistanesa apaixonada por sapatos, que ficou a manhã inteira me fazendo mostrar pra ela os sites das sapatarias brasileiras.

Ela também desabafou comigo que não quer voltar pro Paquistão de jeito nenhum, porque os pais dela estão arranjando um casamento pra ela. E ela quer escolher o próprio marido. Mas ao mesmo tempo, se ela aparecer com um marido que tenha conhecido aqui em Londres, eles deserdam. Enquanto ela contava essa história, fiquei imaginando o carnaval na Bahia. Meu Deus. Como pode um planeta só ter opiniões tão diferentes?

Esse é o site do museu, vejam que bonitinho que ele é: http://www.museumofbrands.com/

E se alguém quiser organizar um grupo pra visitar, é só falar comigo que eu faço desconto ;-)

Thursday, August 09, 2007

...

Este post é só pra dizer que reconheço o meu fracasso em cumprir, logo no segundo dia (e no terceiro e no quarto e no quinto também), a promessa que fiz. Não sei porque eu ainda acho que um dia posso ser uma pessoa decente que consiga manter uma disciplina qualquer.

Mas eu juro que fiquei com uma infecção no ouvido que não me deixava nem raciocinar e assim que eu melhorei chegou a minha tia e agora eu saio cedo e chego tarde e cansada porque fico fazendo turismo com ela o dia todo.

Mas não pensem que estou só passeando por aí.

Entre um Big Ben aqui e uma National Gallery ali, consegui reunir os documentos e ir lá na London School of Marketing e estou matriculada.

E amanhã terei mais novidades mas eu só vou contar amanhã.

E boa noite.

Thursday, August 02, 2007

Essas promessas que a gente faz

Eu prometi pra mim mesma (e cometi o engano de contar isso pra alguns amigos) que eu ia escrever todos os dias. Pra não perder o fio da meada e pra exercitar.

Só que, depois de algumas taças de vinho, está difícil achar inspiração pra escrever sobre o aquecimento global que não têm aquecido muito a Inglaterra (e pelo visto, o Brasil também não), ou sobre os costumes excêntricos britânicos ou sobre a procura desesperada de emprego.

Então vou contar que hoje recebemos nossos vizinhos franceses, que têm sido uns amores. Eles deixam revistas especializadas em marketing quase todos os dias na minha caixa de correio e hoje trouxeram a Lilou, a filha fofa de 1 ano deles, aqui em casa.

Não sei como, mas o papai francês conseguiu fazer uma acrobacia com a taça de vinho que sujou, ao mesmo tempo:

- o sofá;
- o tapete;
- o nosso globo que estava na prateleira a uns 2 metros do acidente;
- a camisa dele inteira;
- a mesa;
- a almofada.

Ainda bem que existe Vanish, que tira as manchas em segundos! (o que seria de mim se eu não tivesse atendido a Reckitt Benckiser?)

Além disso, também fui encarregada de regar as plantinhas deles enquanto eles estiverem de férias na Bretanha.

O Ric está assistindo Heroes na nossa nova TV super mega fashion, e eu estou caindo de sono. E ainda tenho que ler mais algumas páginas do Harry Potter que eu não li NENHUMA hoje.

Boa noite a todos e usem Vanish!

Wednesday, August 01, 2007

Mais sobre o sol

Temos uma amiga aqui em Londres, a Manu, que uma vez veio com uma teoria de que as pessoas precisavam de sol. Digo, no sentido de combustível mesmo, fisicamente. Que o sol liberava partículas de sei lá o quê no corpo da gente, e de alguma forma deixava a gente mais feliz. Achei a teoria meio pirada, mesmo porque tenho um marido que detesta muito sol e curte muito mais um friozinho, que não deixa ele suando que nem um louco.
Mesmo porque, o que seria da população das cidades onde chove muito ou faz muito frio, se essa teoria fosse verdadeira?

Mas depois de cinco meses de frio, primeiro no inverno e primavera de Londres e depois em São Paulo, nós fomos para Veneza. Em pleno verão. Não o verão de Londres: verão do mar Adriático, verão de 40 graus. E eu fiquei feliz, muito feliz, sem entender muito o porquê. Sair do hotel e sentir aquele bafo quente e aquele cheiro de mar fez alguma coisa comigo que eu não sei o que foi, mas foi bom. E aquelas casinhas todas coloridinhas, com flores nas janelas? E todo mundo andando de shorts e sandálias? E a sensação de tomar um sorvete ou chá gelado, enquanto uma gotinha de suor desce pelo seu pescoço? Delícia.

Não é só o sol. É o que ele faz com as pessoas. Se elas se sentem melhor, elas fazem coisas mais bonitas, mais alegres. Eu nunca consegui entender a razão pela qual os ingleses não se importam em ter suas casas todas iguaizinhas, de tijolo ou no máximo pintadas de branco. Aqui em Notting Hill, vá lá, alguns ainda pintaram de outras cores. E esse é o maior charme do bairro. Sério.

Talvez seja algo pessoal - isso é importante pra mim, me faz bem, porque eu tenho histórico da vida inteira passando férias na praia, torrando no sol, tomando caipirinha e cerveja gelada. Esse clima quente e colorido faz parte do meu "om", como diz nosso vizinho James. O "om" é o seu lugar físico, segundo ele, no qual você se sente mais perto do êxtase, do prazer físico e espiritual.

Aqui em Londres estou muito longe do meu "om" - que depois de alguma reflexão eu concluí que deve ser boiando no mar de Guaecá e sentindo o sol torrando meu rosto. Estou longe dos meus amigos e da minha família, que são importantes pra mim como eu só fui entender quando me afastei. Estar longe faz a gente entender as coisas melhor.

O Brasil não é o país melhor pra se viver, definitivamente. Um lugar onde você corre o risco de morrer parado num sinal, não pode ser. Um lugar onde a pobreza se multiplica, onde barracos servem de casa pra tanta gente, não pode ser. E eu estava louca pra sair do Brasil por isso, porque eu tinha medo. E agora vejo que o que vale a pena é estar perto das pessoas queridas. É poder, numa noite quente, tomar uma cerveja gelada com papo furado, ou não, com alguém querido. É poder ter tanto sol e calor que quando faz frio, a gente fica feliz de poder comer um fondue e ficar embaixo das cobertas.

Sem dúvida, vir pra Londres me fez gostar mais do Brasil. E descobrir que sim, eu preciso do sol.

Felicidade é ter CINCO dias seguidos de sol.

De volta a Londres

Terça-feira, onze horas de uma manhã ensolarada em Londres, e o meu celular começa a tocar. O número que aparecia na tela era desconhecido, o que, em tempos de distribuição de currículo, faz o coração bater.

Era o policial. Responsável pelo caso do ladrão ousado que pulou a janela aqui de casa pra pegar uma coisinhas no caminho pra casa dele.

O policial queria saber como foi o casamento e desejar felicidades.