Wednesday, August 01, 2007

Mais sobre o sol

Temos uma amiga aqui em Londres, a Manu, que uma vez veio com uma teoria de que as pessoas precisavam de sol. Digo, no sentido de combustível mesmo, fisicamente. Que o sol liberava partículas de sei lá o quê no corpo da gente, e de alguma forma deixava a gente mais feliz. Achei a teoria meio pirada, mesmo porque tenho um marido que detesta muito sol e curte muito mais um friozinho, que não deixa ele suando que nem um louco.
Mesmo porque, o que seria da população das cidades onde chove muito ou faz muito frio, se essa teoria fosse verdadeira?

Mas depois de cinco meses de frio, primeiro no inverno e primavera de Londres e depois em São Paulo, nós fomos para Veneza. Em pleno verão. Não o verão de Londres: verão do mar Adriático, verão de 40 graus. E eu fiquei feliz, muito feliz, sem entender muito o porquê. Sair do hotel e sentir aquele bafo quente e aquele cheiro de mar fez alguma coisa comigo que eu não sei o que foi, mas foi bom. E aquelas casinhas todas coloridinhas, com flores nas janelas? E todo mundo andando de shorts e sandálias? E a sensação de tomar um sorvete ou chá gelado, enquanto uma gotinha de suor desce pelo seu pescoço? Delícia.

Não é só o sol. É o que ele faz com as pessoas. Se elas se sentem melhor, elas fazem coisas mais bonitas, mais alegres. Eu nunca consegui entender a razão pela qual os ingleses não se importam em ter suas casas todas iguaizinhas, de tijolo ou no máximo pintadas de branco. Aqui em Notting Hill, vá lá, alguns ainda pintaram de outras cores. E esse é o maior charme do bairro. Sério.

Talvez seja algo pessoal - isso é importante pra mim, me faz bem, porque eu tenho histórico da vida inteira passando férias na praia, torrando no sol, tomando caipirinha e cerveja gelada. Esse clima quente e colorido faz parte do meu "om", como diz nosso vizinho James. O "om" é o seu lugar físico, segundo ele, no qual você se sente mais perto do êxtase, do prazer físico e espiritual.

Aqui em Londres estou muito longe do meu "om" - que depois de alguma reflexão eu concluí que deve ser boiando no mar de Guaecá e sentindo o sol torrando meu rosto. Estou longe dos meus amigos e da minha família, que são importantes pra mim como eu só fui entender quando me afastei. Estar longe faz a gente entender as coisas melhor.

O Brasil não é o país melhor pra se viver, definitivamente. Um lugar onde você corre o risco de morrer parado num sinal, não pode ser. Um lugar onde a pobreza se multiplica, onde barracos servem de casa pra tanta gente, não pode ser. E eu estava louca pra sair do Brasil por isso, porque eu tinha medo. E agora vejo que o que vale a pena é estar perto das pessoas queridas. É poder, numa noite quente, tomar uma cerveja gelada com papo furado, ou não, com alguém querido. É poder ter tanto sol e calor que quando faz frio, a gente fica feliz de poder comer um fondue e ficar embaixo das cobertas.

Sem dúvida, vir pra Londres me fez gostar mais do Brasil. E descobrir que sim, eu preciso do sol.

2 comments:

Anonymous said...

melhorando a teoria da minha irmã; as pessoas precisam é de luz. vc vai ver como no inverno, os Ingleses (e até a gente mesmo) ficam de cara fechada. acho que a Manu quando falou de sol falou disso. o clima da cidade é outro na primavera e verão. pode até estar frio, como estes dias fez aqui no Brasil, mas tempo cinzento deprime qualquer um!
beijo e saudades!
manda beijo para a Manu!

Anonymous said...

Todo mundo precisa de SOL...


E nós precisamos de vc!!!

MISS YOU!!!!

Beijos