Wednesday, May 28, 2008

O movimento mundial pela gentileza

Sem desculpas. Sem explicações. Quanto mais a gente fala, mais a gente acentua o próprio defeito, certo? O meu é ficar dizendo que vou escrever. Quanto mais eu digo isso, menos eu escrevo. Mas eu tinha que ao menos tocar nesse assunto - o do sumiço -pelo menos mais esta vez, porque eu preciso, mais uma vez, citar a (segunda) bronca que a Paula me deu. É uma delícia levar bronca assim, de quem sente falta de você. Mas além de consideração pela minha leitora mais militante, estou dizendo tudo isso para introduzir o assunto principal deste post. Que não é o meu sumiço, mas sim um movimento interessantíssimo sobre o qual eu já tinha ouvido falar há um tempão - e ontem a Paula me fez lembrar dele, não com a bronca, mas com um gesto. O movimento mundial pela gentileza.

Sim, esse movimento existe. Eu li sobre ele há algum tempo na revista Vida Simples, e desde então de vez em quando me vejo em alguma situação que me faz lembrar dele, tão simples que quase confunde com um movimento bobo de quem não tem o que fazer. Ele é isso mesmo, e nada mais do que isso: um movimento de pessoas que acreditam que a gentileza é capaz de tranformar o mundo, e ele se resume em pessoas repassando essa mensagem, assim como eu estou repassando, aqui. E agindo de acordo, claro. É assim: você começa a prestar mais atenção nas suas atitudes, começa a ser gentil com as pessoas, de graça, mesmo. E pronto, já está fazendo parte do movimento. É mágico como as pessoas começam a responder com a mesma gentileza, e ficam tocadas. E assim começa um movimento altamente transmissível e absurdamente eficaz. Pra não ficar tão abstrato, tem até uma página dedicada a ele no site da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, aqui.

Mas o que a Paula tem a ver com isso? A Paula pode nem conhecer o movimento, mas sem saber já faz parte dele. Ontem chegou em casa um envelope endereçado aos "Loews na Europa". Dentro, bilhetinhos e um mini-envelopinho para cada um dos Loews que estarão por aqui e visitarão a gente no próximo mês, além da gente mesmo, é claro. A Paula estava lááá no Japão, e não só se lembrou de comprar lembrancinhas fofas pra cada um de nós, os primos-do-marido-dela, como se deu ao trabalho de fazer cartinhas fofas e mandar pra cá. Não se trata de gastar dinheiro comprando presentes pros outros. É o gesto de se lembrar, é o gesto de mandar, é o gesto de fazer tudo de um jeito mais fofo. Afinal, tudo na vida a gente pode fazer daquele jeito, que todo mundo faz, ou de um outro jeito, especial, com um toque de gentileza que não custa nada, mas tem o poder de transformar o mundo.

Thursday, May 01, 2008

O meu sumiço + o pote de molho

A bronquinha que levei da Paula hoje, com toda razão afinal como ela mesma disse só a própria já deixou 3 comentários no mesmo (e último) post aqui embaixo, finalmente me fez respirar fundo e encarar a tela branca de um novo post de novo.

Eu disse pra Paula que estava com branco, sem assunto, e isso somado à correria é fatal: preguiça é uma progressão geométrica, ela não soma, multiplica, e quando a gente vê tá há anos sem fazer alguma coisa. Não que eu não goste de escrever aqui. Eu adoro. Mas a coisa começou com uma sincera falta de tempo, que se transformou em comodismo quando o tempo voltou a estar disponível. É a velha história do "amanhã eu começo o regime". Amahã eu escrevo no blog. E o amanhã nunca chega. E a gente não percebe que aqueles diazinhos viraram semanas.

Enfim.

Também não é verdade a falta de assunto. A gente pode ter a impressão de que nada está acontecendo, mas está, a gente é que deixa de enxergar. E foi só eu responder pra Paula no msn que estava com branco que me lembrei da nota fiscal e da embalagem que o Ric colocou na minha bolsa de manhã.
Ontem fomos no Sainsburys, o nosso super supermercado. E pela primeira vez eu cheguei em casa e notei que um dos molhos que eu tinha comprado estava com a data vencida. Eu sempre presto atenção nas datas, porque ao congelar eu anoto a data da compra na embalagem (viram, sou uma dona de casa exemplar e cheia de dicas)- normalmente os congelados devem ser consumidos em até 1 mês de quando foram congelados, ou seja, da data de compra (tem que congelar no mesmo dia). Mas voltando, o tal molho vencia dia 29 de abril, e era dia 30. Um erro pequeno, não tão sério, mas aqui a gente fica com essa sede de justiça, esse senso apurado do que é correto e o que não é. E sabe que vai ser escutado se reclamar. Então, hoje de manhã, o Ric colocou o papel que embalava o potinho junto com a nota fiscal na minha bolsa pra eu poder ligar.

Liguei lá no telefone que estava na embalagem. Ótimo, era daqueles telefones "faz tudo": qualquer problema que você tiver é só discar o número correspondente, sem ter que ficar horas lidando com um menu eletrônico pra depois descobrir que o número para reclamações é outro que, claro, vai demorar mais horas para atenter porque, afinal, sabe que se trata de reclamação. Fui atendida em uns 2 segundos após discar o número. Que não era o número da reclamação, era o número pra falar com a atendente, aquele dos casos que não são citados no menu. Até levei um susto quando ela atendeu. Eu estava preparada pra ficar ouvindo musiquinha por um bom tempo.
A moça era uma simpatia. Me senti amiga dela na primeira frase. Ela perguntou meu nome e não é que, em seguida, soltou um "How can I help you, Luciana" pronunciando o "Luciana" direitinho, do jeito que eu falei, e não o "Lutiána" que os ingleses insistem em dizer apesar de eu não ser italiana e sim brasileira e eles saberem disso e eu ter pronunciado meu nome umas 10 vezes. Eu contei pra moça simpática que eu fui no supermercado ontem e quando cheguei em casa vi que um dos produtos estava vencido. "Oh I'm so sorry LUCIANA". Em poucos minutos informei meu endereço, nome, código de barras do produto. Ela acessou a central dela, confirmou o valor que eu tinha pago (£ 1.99) e pediu desculpas novamente porque não podia fazer reembolsos abaixo de £ 5 então se eu aceitaria receber um vale de £ 5 pra compras ao invés do reembolso de £ 1.99. Não, não me importo. E muito obrigada pelo atendimento. Eu tinha que agradecer. Não é toda hora que isso acontece com uma brasileira acostumada a ser desrespeitada, foi mais forte que eu.

Fiquei até triste quando desliguei, tava bom o papo.