Tuesday, September 23, 2008

Eu voltei

E eu... voltei. Aqui estou, há dez dias que parecem 24 horas às vezes, três meses outras vezes, nesta cidade maluca chamada São Paulo.

A primeira impressão foi aquela que eu temia. Um horizonte cinzento, mar de prédios dos quais não se consegue ver o topo através do ar seco, escuro e denso de poluição.

A segunda impressão foi melhor; a primeira vez que fui num mercado (um chique no Morumbi, comprar flores pra levar de presente) e a moça da minha frente estava recusando as mil sacolinhas plásticas que o empacotador insistia em usar para colocar poucos itens. Fiquei feliz. Toda orgulhosa, quando chegou minha vez, sorri e disse "pra mim não precisa de sacolinha também não, moço". Muita ingenuidade minha achar que estou conseguindo fazer algo com este exemplo?

A terceira impressão foi ótima. Choveu, limpou o ar. Eu, que temia o calor e rezava por um inverno fora de época e prolongado que se estendesse até dezembro, fui ouvida - pelo menos por enquanto. Melhor não falar muito. Há pelo menos uma semana faz um friozinho quase europeu em São Paulo.

A minha falta de rotina também ajuda a não ver o famoso trânsito, então desse mal eu ainda não sofri.

A cidade está mais bonita. Pra quem está aqui pode não ter feito muita diferença, afinal a velocidade é baixa e a quantidade de mudanças necessárias é enorme. Mas mudou. Eu, que fiquei sem olhar São Paulo como a "cidade onde eu moro" por 1 ano e meio, e agora voltei a enxergar, achei-a muito melhor. Mais bem-cuidada, mais vaidosa. As praças estão arrumadas os ipês estão em flor (ok, isso é culpa unicamente da primavera que sim, existe por aqui também). Não existem mais os horrendos outdoors. Aliás, ei, vocês que ainda criticam esse projeto. Vocês realmente se lembram como eram os outdoors? Aquelas estruturas precárias de madeira, uma atrás da outra, subindo e descendo as laterais das avenidas, tentando esconder o lixo que se acumulava por trás? Pois é, lembrem-se disso. Não é possível não gostar do que foi feito.

Novos parques foram abertos.

Impressão minha, talvez, mas as pessoas estão menos neuróticas. Outro dia tinha um rapaz todo contente, desligado, vidrão aberto no meio do trânsito, sorrindo.
Ou fui eu que fantasiei um Brasil muito pior do que realmente era?

O fato é que, estou aqui. Voltei e tenho tido motivos pra me orgulhar. E isso é bom.
A procura de casa está caótica, mas vamos deixar só boas coisas para este post e deixar o que não é tão bom assim pra outra ocasião.
Aproveito pra dar uma dica que ilustra bem o que ando vendo de bom por aqui: o blog http://www.oguiaverde.com/, da jornalista Priscilla Santos. Eu aqui pensando em fazer um blog sobre o que fosse encontrando de bacana, verde & sustentável em São Paulo, demorei muito, a Priscilla já fez. Ela trabalha na revista Vida Simples, que eu adoro, e fez uma matéria que incluiu o nosso "Família vende tudo" online, o blog que fiz pra vender nossas coisinhas quando resolvemos ir embora de Londres. A matéria pode ser lida aqui: http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/071/mente_aberta/conteudo_305412.shtml.

Fora os amigos e a família. A gente repete tanto isso quando está fora, que "sente falta dos amigos e da família" que vira clichê e fica batido. Mas é tão verdade. O que seria da vida sem eles?

2 comments:

π said...

ah, mas eu vou reclamar. E a sua inspiração do blog vendo tudo, hein hein hein?

Bom saber q vcs estao bem, melhor ainda q as coisas parecem melhores do que eram. Vou conferir em menos de 1 semana!

Marilia said...

Querida, bom te ver por aqui novamente.
Também morei fora por dois anos e voltei. Achei bem mais fácil ir do que voltar... Voltei também para o Felipe nascer e fiquei na casa da minha mãe, até achar um ninho.
Fique tranquila. Vocês vão achar beijinhos.